Adaptation: Capítulo 7

Ao imaginar que Sammy havia machucado Elisa fiquei furioso. Minha camisa ficou chamuscada com um simples toque dele em mim. Joshua estava ao meu lado, e percebi que estava segurando algumas sementes. Os dois amigos de Sammy estavam atrás dele com olhares assustadores, eram Marcus e Cristian. Plínio levantou-se e também ficou ao meu lado, o que foi uma grande surpresa para todos, inclusive para mim, pois Plínio não era de se meter em confusão, mas parece que as coisas haviam mudado um pouco.

-Sammy, ou você se afasta, ou farei com que se afaste.

Sammy riu.

-Quem você está pensando que é, Zackarie? Você é que tem...

Antes que ele terminasse a frase, avancei pra cima dele e dei um soco em sua face. Todos os colegas que estavam próximos afastaram-se, exceto os que se envolveram na briga. Plínio e Joshua embolaram-se no chão com Marcus e Cristian. Sammy estava furioso, e veio com tudo pra cima de mim. Ele acertou um soco no meu rosto, e pude sentir um forte ardor quando fui tocado por seus punhos. Logo, também estávamos rolando no chão, Sammy estava por cima de mim, e eu segurava suas mãos para evitar que ele me acertasse mais socos. Uma pequena quantidade de vapor começava a emanar de nossas mãos. Eu liberava um ar frio, meu rival liberava calor. Logo ao meu lado estava Plínio, lutando contra Cristian. Cristian Parecia ter facilidade em se livrar dos ataques de Plínio. Joshua por sua vez, lutava contra Marcus, e parecia levar vantagem, os cabelos de Joshua pareciam mais arrepiados que o de costume. Quase ao mesmo tempo nos levantamos e nos dividimos em nossos respectivos grupos. Cada grupo em seu lado. Apareceu gente que eu nunca tinha visto no colégio, e de repente pude perceber que todos estavam gritando.

Eu estava feliz por perceber que Plínio não estava invisível. Ele estava com o canto dos lábios sangrando, passou as mãos e começou a respirar com mais velocidade. Olhei para ele.

- Calma P. Aqui não.

Joshua segurou os braços de Plínio.

-Não.

Sammy e Cristian vinham em nossa direção nos atacar, ficamos preparados. Quando nos deslocamos para contra-atacar, o Sr. Willians Chegou.

-Mas que diabo está acontecendo aqui?

Ele se aproximou, e automaticamente a luta parou.

-Todos para minha sala, agora!

Todos que estavam presentes começaram a vaiar.

-Você também, Sr Marcus!

Marcus estava estranho, ele não fazia movimento algum. O Sr. Willians aproximou-se, e quando o tocou ele simplesmente despencou no chão.

-Mas o que e isso? O Sr. Willians ficou espantado.

Os alunos ficaram surpresos, e ecoaram:

-Ooohhh!

Eu fiquei sem reação. O que havia acontecido com ele? Olhei para Joshua, e depois de ver seu sorriso de canto tive a certeza de que ele era o responsável.

***

-O que você fez, Josh?

-Nada, ele só está um pouco “paradão”. Ele respondeu sorrindo.

-Como assim? Isso é perigoso!

-Calma Zack. Eu injetei uma quantidade insignificante de uma toxina nele. Essa toxina é de uma planta chamada Strychnos toxifera, popularmente conhecida como Curare. Os índios utilizavam essa toxina em suas flechas para caçar animais. A quantidade que apliquei é tão insignificante que ele deve conseguir se mexer em instantes.

-Você ficou maluco?

-Ele estava me dando choques!

Parei um pouco, e mais uma vez me surpreendi. Marcus estava voltando ao normal, começou a se mexer devagar. O Diretor perguntou se ele estava bem, e quando ele tentou responder sua língua embolou. Todos que estavam presentes riram.

-Vamos engraçadinho. Acompanhem-me lutadores. E vocês, o show acabou. Voltem para suas salas, e sentem-se.

Acompanhamos o Sr. Willians até a sua sala, ficamos em pé no canto da parede. Eu já havia enfrentado uma professora monstro, um homem gigante, e a pouco um idiota esquentado, mas estar naquela posição na sala do diretor parecia ser mais assustador.

-Então, qual de vocês vai me explicar o que aconteceu. Começou o diretor.

- Esse idiota...

- Cuidado com as palavras Sr. Carn. O diretor interrompeu.

- Ele empurrou o Zack. Disse Plínio.

De repente todos tentaram explicar ao mesmo tempo e o diretor foi curto e grosso.

-Calados! Não quero mais saber o que aconteceu. O que importa é que vocês transformaram uma sala de aula num ringue. Não vou admitir esse tipo de coisa na minha escola! Vocês terão uma semana para refrescar a cabeça. Estão suspensos até a semana que vem, e tragam seus pais aqui quando voltarem.

-Mas Sr...

-Calado Sr. Miller. Estou sendo bom com vocês. A próxima vez que algo parecido acontecer, estarão expulsos. Agora peguem suas coisas e vão para casa.

Ficamos em silêncio e fomos para a sala buscar nossas coisas. A vontade que eu tinha era de dar mais uns socos na cara de Sammy. Marcus olhou para Josh e falou:

- Você vai me pagar, imbecil.

- Claro, assim que você aprender a andar, falar... Joshua sorriu.

Marcus fez menção de atacar Joshua, mas Cristian o conteve.

Entramos na sala para buscar nossas coisas, e o professor estava dando aula. Todos ficaram em silêncio enquanto pegávamos nossas mochilas.

-Você não devia ter feito nada disso. Disse Elisa, baixinho.

-Não pude resistir. Respondi.

-Gostei de ver carinha. Você fez o meu dia valer à pena. Disse Elisabeth.

Olhei para ela e dei de ombros.

***

Cheguei em casa, e minha mãe estava lá. Não fazia a mínima idéia de como explicar minha suspensão.

-Olá querido! Como foi a noite com seus amigos?

-Ótima mãe... Quer dizer... A Senhora falou com a mãe do P?

- Não, o que aconteceu? Tem alguma Coisa que eu deveria saber?

-Não mãe, esquece... Eu apenas...

-Ah, antes que você diga que vai para o quarto. Tem uma visita aqui.

-Visita?

- Sim, ela está esperando. Disse coisas maravilhosas a seu respeito. E veio pedir permissão para levar você numa viagem de estudos.

-Não me diga que...

-Olá, Zackarie! A professora Isabel me interrompeu, com uma voz doce.

- Oi Professora.

-Não acredito que você ainda não havia dito nada para sua mãe. Já partiremos amanhã.

-Esse menino é muito esquecido, Isabel. Disse minha mãe.

-É, sou esquecido. Nem me lembro de viagem de estudos professora.

A professora Isabel riu, e gesticulou para mim.

-Como você é engraçado, Zackarie. Temos que chamar o restante do grupo. Tudo deve estar arrumado para irmos amanhã.

-Grupo?

-Sim, seus inseparáveis amigos. Plínio e Joshua. Eles também se inscreveram para participar, não lembra?

-Ah, claro. Respondi completamente confuso.

-Srª Miller, eu poderia tomar mais um pouco do seu maravilhoso café?

-Oh, mais é claro Isabel. Espera um pouco, já volto.

Minha mãe foi inocentemente para a cozinha buscar café.

- Mas o que é que você está fazendo professora?

-Não tenho muito tempo para explicar, Zack. Temos que ir atrás do Dr. Lynder. Já falei com os Pais de Plínio e de Joshua. Vocês têm que vir comigo. O Dr. Lynder deve ter a fórmula para nos curar, especialmente para me curar. Não aguento mais essa necessidade de comer pessoas. Se alguém não tomar as devidas providências não sabemos o que pode acontecer. Existem muitas aberrações soltas por ai. Eu já vi muita coisa. Temos que salvar as pessoas. Todos estão em perigo. Eu, você, seus amigos, seus pais.

Eu tinha medo de ficar próximo a uma devoradora de humanos, que mal conseguia se controlar, mas eu sabia que ela estava certa, não podia simplesmente ficar de braços cruzados, brincando de congelar coisas, enquanto as pessoas próximas a mim corriam risco de vida.

- Tudo bem, eu vou.

Minha mãe voltou com o café da Professora Isabel. Ela ligou a televisão e nos sentamos para assistir.

-Não posso ficar por mais tempo Srª Miller, tenho que ajeitar as últimas coisas para a viagem.

-Certo, deve ser uma correria. Respondeu minha mãe, que se sentia orgulhosa com aquela situação.

-Com certeza é muita correria.

Para nossa surpresa o Dr. Lynder estava na televisão. Era um congresso. Ele dava uma palestra sobre mutação genética. O ambiente era familiar, ele estava à frente de uma bancada com algumas caixas. Alguns potes com líquido roxo estavam sobre a mesa. Ele tinha cobras dentro de uma espécie de aquário. E velas, muitas velas.

-Nessa manhã um acidente ocorreu na cidade do Oriente quando o conceituado Dr. Thomas Lynder ministrava uma palestra sobre mutações genéticas. Enquanto misturava algumas substâncias, o Dr. Lynder desequilibrou-se e acabou tocando fogo em alguns líquidos inflamáveis de sua bancada. Algumas pessoas foram para o hospital por causa de intoxicações causadas pela queima das fortes substâncias. Mas os médicos disseram que todos passam bem. O Dr.Lynder disse que está em perfeitas condições, e que já está preparando novos materiais para ministrar novas palestras. Segundo ele, sua pesquisa está avançando a cada dia, e doenças graves como Câncer e AIDS estão com os dias contados.

- Olha, que coincidência. Disse minha mãe. -Não é essa a cidade que vocês irão amanhã, Isabel?

Continua...