Eu
fiquei boquiaberto, e a professora Isabel parecia estar tão
espantada quanto eu. Era tudo muito parecido com a cena que
vivenciamos no colégio. A bancada, as caixas, os líquidos, as
velas... Era mais que óbvio que o Dr. Lynder estava causando aqueles
acidentes propositalmente, mas porque ele estava fazendo aquilo? A
professora Isabel e eu nos olhamos, esperando que alguma resposta
pudesse aparecer do nada.
-Não
é essa a cidade que vocês irão? Cidade do Oriente. Perguntou minha
mãe.
-É...
Não... Quer dizer, sim. É pra lá mesmo que vamos Srª Miller.
-Que
coisa, tudo está de pernas pro ar. Isabel pare de me chamar de Srª.
-Certo
Srª... Suzan.
-
Assim está melhor. Não quer comer alguma coisa? Tenho biscoitos
deliciosos na cozinha.
-Não
mãe, ela não quer comer. Interrompi.
- Não,
muito obrigada, tenho mesmo que ir. Ainda tenho muita coisa pra
resolver antes de partirmos. Já vou indo.
-Tudo
bem. Imagino que você tenha mesmo muitas coisas pra resolver.
A
professora foi se levantando, ainda meio baqueada com o que vimos na
televisão.
-Zackarie,
amanhã nos encontraremos na praça da juventude às 8:00 da manhã.
Tudo bem?
- Sim,
professora.
Levei
a professora até a porta e ela se foi. Fiquei imaginando se contaria
ou não para minha mãe sobre a suspensão que levei. Achei melhor
não contar, eu poderia fazer isso quando voltasse da viagem.
***
Na
manhã seguinte levantei cedo, não havia dormido direito. A
ansiedade estava me matando, e durante a noite, as horas demoravam
uma eternidade pra passar. Arrumei algumas roupas na minha mochila.
Não tinha nada demais, só o básico. Mas parece que minha mãe
havia resolvido fazer minhas malas também, e quando desci as escadas
lá estava ela com uma mala entupida de coisas.
-Meu
filho. Eu sabia que você não conseguiria arrumar suas coisas em tão
pouco tempo. Por isso resolvi te dar uma ajudinha. Aqui estão
algumas coisas que serão úteis pra você. Eu sei que deve faltar
muita coisa...
-Suzan,
isso é mais que suficiente. Interrompeu meu pai.
-
Robert, você sabe que não. Quantas vezes você precisou que eu
fizesse suas malas para viajar? Você sempre se esquece das coisas, e
esse mocinho é igual a você.
-Mãe,
eu já tenho tudo que preciso aqui...
-
Zack, não discuta. Apenas leve a mala que sua mãe arrumou. E tome
seu café, levarei você até a praça.
-Tudo
bem, eu me rendo.
Tomei
meu café da manhã, e depois de escutar uns duzentos mil conselhos
entrei no carro com meu pai. No caminho, meu pai e eu conversamos
sobre muitas coisas, apesar do caminho ser relativamente curto. Meu
pai lembrava como eram boas suas viagens com sua turma do colégio,
das paqueras, da diversão, do aprendizado.
-
Aproveite cada momento, Zack. Tenha responsabilidade, saiba os
momentos de levar as coisas a sério, e o momento de se divertir. Na
vida, você deve aprender a ter equilíbrio, sem isso você vai
fracassar. Isso é o mais importante. Quando você se tornar um
adulto sentirá falta de momentos como esses. Mas se souber
aproveitar, poderá colher bons frutos no futuro.
As
palavras do meu pai foram tão legais que eu quase acreditei que
estava indo para uma viagem de estudos. Naquele momento senti vontade
de contar a verdade pra ele. Mas seria muito estranho, e
provavelmente ele não me deixaria ir.
-Obrigado
pelos conselhos pai. Vou aprender o máximo que puder, e tentarei ter
equilíbrio.
-É
isso ai garoto. Chegamos, parece que você é o último, seus amigos
já estão lá.
***
Despedi-me
do meu pai, que seguiu para o trabalho. Plínio e Joshua estavam no
centro da praça, próximos às estátuas. Plínio estava com mais
malas do que eu, Joshua levava apenas uma mochila.
- Você
pretende morar lá junto com o P? Brincou Joshua.
-Coisa
da minha mãe, cara. Respondi.
-Juro
que não vou te emprestar nada Josh. Só por causa das suas
piadinhas. Disse Plínio.
- E a
professora? Perguntei.
-Lá
está ela. Disse Plínio.
A
professora Isabel vinha num Sedan branco. Estacionou o carro próximo
a uma árvore, e veio em nossa direção.
- Olá
meninos!
- Oi
professora! Respondi.
-
Espero que a Srª tenha se alimentado bem antes de vir. Disse Joshua.
Não
pude conter o riso.
- Não
tão bem assim Joshua, mas parece que tenho comida pra viagem.
Retrucou a professora.
Ficamos
em silencio por um instante, e de certa forma estávamos torcendo
para que fosse só uma piada.
-
Relaxem rapazes.
-
Podemos ir? Já estamos atrasados. Disse Plínio.
-Ainda
não. Respondeu a professora. -Ainda falta uma pessoa.
-Quem?
Perguntei.
-Logo
saberão.
Há
alguns metros ela chegava com uma mochila nas costas, e uma mala de
rodinhas. Vestia um short jeans, calçava um tênis branco e usava
uma blusa preta. Seus cabelos estavam soltos. Ela estava muito
bonita, apesar de eu sempre ter um grande receio de falar com ela,
sentia uma vontade muito grande de dizer isso.
- Me
desculpem pelo atraso. Disse Elisabeth.
-Ela?
Questionei.
- Sim,
agora podemos ir. Disse a professora Isabel.
Fiquei
me perguntando o que Elisabeth sabia, o que ela fazia, pois a
professora não a chamaria para uma viagem dessas a toa. Mas em breve
saberíamos. Pegamos nossas coisas, colocamos no porta-malas do
carro, e entramos. A professora dirigia, Elisabeth sentou na frente,
eu, Joshua e Plínio sentamos no banco de trás. No início da viagem
ficamos calados boa parte do tempo. Eu me perguntava o que realmente
faríamos. Até que resolvi perguntar:
-O que
vamos fazer?
-
Encontrar o Dr.Lynder. Respondeu a professora de imediato.
-Mas
nós sabemos que ele é o culpado de tudo que está acontecendo. A
senhora acha que ele vai nos ajudar?
-Não
sei Zackarie. Mas ele provavelmente sabe algum jeito de reverter o
que fez.
-E
se...
- Se
ele não quiser ajudar, arrancaremos alguma coisa à força.
Interrompeu Elisabeth.
Ficamos
em silêncio por alguns instantes.
-Zackarie,
primeiro o encontraremos, depois vemos o que acontece. Disse a
professora.
Plínio
ligou seu Nintendo DS e começou a jogar. Joshua colocou seus
fones de ouvido. Eu tentava não demonstrar muito nervosismo, fechei
os olhos e adormeci.
***
Estava
perto do meio-dia e paramos num posto para almoçar, lá havia uma
pequena lanchonete. O posto só tinha um frentista, e mais dois caras
trabalhavam na lanchonete. O lugar estava meio isolado, e apenas um
sujeito gordo estava na lanchonete. A professora abasteceu o carro, e
enquanto isso fomos entrando no estabelecimento. Ao chegarmos, o
sujeito gordo ficou nos olhando estranhamente. Sentamos nas mesas
junto ao balcão e fizemos o pedido.
- Ora,
ora, ora. Um bando de pirralhos viajando sozinhos. Disse o homem
gordo.
Ficamos
todos quietos, apenas esperamos os sanduíches.
- São
mudos? Perguntou o homem.
- Eles
apenas não falam com estranhos, meu caro. Agora por favor, deixe-nos
em paz. Disse a professora Isabel.
- Ora,
vejam só. É a mamãe de vocês? Ok, eu só estava puxando assunto.
A
professora Isabel sentou-se ao meu lado, e fez seu pedido. Todos os
sanduíches chegaram juntos.
-Nossa,
eu estou faminto. Disse Plínio
-Está
com uma cara ótima disse Joshua.
Quando
fui morder meu sanduíche Plínio esbarrou seu cotovelo em mim e
derrubou meu almoço.
-Ah,
P. Fala sério!
- Foi
mau cara. Pede outro, é por minha conta.
- Mas
é claro que é.
-Toma,
pode comer metade do meu. Disse Elisabeh, que ainda não havia
comido.
-Não
se preocupe, eu espero o meu chegar. Obrigado.
Estranhei
a gentileza de Elisabeth, não era do seu feitio.
-Cara,
já estou ficando com sono. Resmungou Plínio.
O
homem que estava na lanchonete se levantou, foi até a porta do
estabelecimento e fez um sinal para o frentista. De repente, Joshua
começou a cambalear no banco em que estava. A professora Isabel
parecia sonolenta, e Plínio simplesmente despencara no chão.
-Zackarie,
Elisabeth... Não comam... Disse a professora antes de cair do banco.
-Plínio,
professora!
-Joshua
Também! Disse Elisabeth.
- HA
HA HA HA. Gargalhou o gordo.
- Acho
que teremos que dar um jeito nesses dois que ficaram acordados,
pessoal. Disse o frentista.
Os
dois funcionários da lanchonete aproximaram-se de nós. O gordo
tocou na cintura de Elisabeth.
-Se
tocar em mim de novo quebrarei todos os seus ossos, seu balofo. Disse
Elisabeth, irritada.
-Olha,
ela é brava. Falou um dos funcionários.
-O que
vocês querem? Perguntei. –Podem levar nossas coisas, não temos
muito dinheiro.
-
Queremos vocês! Nós precisamos de vocês! Disse o frentista.
-
Caras, é melhor vocês se afastarem.
Um dos
funcionários aproximou-se de Joshua e colocou as mãos no corpo
dele. De repente suas veias começaram a ficar alteradas. O que ele
estava fazendo?
-Zackarie,
eles são uma espécie de vampiros. Estão sugando sangue do Joshua!
-Menina!
Mas o que é isso? Vampiros? Você acha que estamos num conto de
fadas? Nós queremos energia. Precisamos disso, ou morreremos. Disse
o frentista.
-Venha
cá, docinho. Deixe-me tocá-la. O homem gordo segurou o braço de
Elisabeth.
- Eu
disse para não tocar em mim!
Elisabeth
segurou o braço do sujeito e o girou. Mas ela não o soltou, ela
apertou. Ela segurou o outro braço, enquanto o homem gritava de dor.
Pude ouvir os ossos quebrando. Elisabeth deu um soco tão forte na
barriga do homem que ele praticamente saiu voando, e chocou-se contra
algumas mesas. Elisabeth arrancou o banco em que estava sentada do
chão. O banco era fixado no piso. Elisabeth tinha uma força
sobre-humana.
-Venham!
Vou parti-los ao meio. Disse ela, enfurecida.
Continua...
11 comentários:
Cidade do Oriente...
Na pegada de Capital do Norte, Capital do Sul et al.
(andou assistindo muito Dragon Ball! kkkk)
Sugadores de energia? São o que?
Amaldiçoados? fiquei curioso...
Aguardando as próximas cenas...
Aguardando os próximos capítulos *-*
Elisabeth? Juro que achei que Elisa fosse junto na hora da narrativa sobre "ela".
Muito bom! Esperando os próximos capítulos.
PQP!!!AÇÃO!!! Já tava puto achando que iriam fugir...A Elisabeth desceu o pau!!!
Aguardando os proxs Caps...
Aaaah, também achei que seria Elisa!
E meu Deus, que agonia essa coisa de "precisamos de energia"!
Pronto, muito bom, agora pode postar o próximo que ja tô agoniada pra saber o que vai acontecer! hahaa
Mas esperai!! Elisabeth estava presente quando o desastrado Dr. Lyndr esbarrou nos vidros, misturando assim as fórmulas? De onde veio tanta foça? Estranho!!!
Ráááááááá malucoooooo eu sabiaaaaa manowwww sabiaaa!!!!
o.O to ficando com medo das minhas previsões, mas vamos lá...
Os caras eram velhos, e não pareciam nada desconfortáveis com o que estavam fazendo, então a quanto tempo será que estão nessa? Não é possível que TUDO tenha sido obra do doutor lymdo sozinho, tem alguém por trás, mas quem? A hipótese dos aliens ainda é a mais provável...
Oremos.
Até que enfim apareceu outra mulher com algum poder, kkk.Será que Zackarie vai começar a olhar Elisabeth com outros olhos?
Juninho, como eu dizia na escola YOU BROKEN! KKK Que num inglês super louco seria, tu broca kkkk Muito massa, adorei.
Agora eu fiquei aki imaginando o potencial dessas explosões "acidentais" ...porque se o povo ta na estrada e foi afetado, tipo imagine o povo na cidade, tipo será que todo mundo teria potencial de ter poder, será que alguem podia ser a cura em si pq não foi afetado e continua normal, mas desemboco num ex-man e sua criatividade ta infinita, mas sei la eu chuto que teve gente que não foi afetado e ponto = D Xero
É não tem como não ter mais especulações não eim rsrsrs = D
PQP!!!!!!
Muito sinistro.
Apareceu mais uma personagem interessante.
ta fikndo kd vez mais misterioso. Não sei mais o que pensar, o jeito é ficar esperando msm. Mais uma vez eu digo coloca mais capitulos p/ semana. kkkkkk
kkkkkkkkkkkk, muito massa, gostei da menina, vai dar uma coça na moçada, muito bom, ansioso pelo proximo capitulo
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