-Vamos para a delegacia. Lá
saberão o porque. Disse um dos policiais com uma arma na mão.
-Mas nós temos o direito de saber
o motivo. Disse Elisabeth.
Cássio olhou para mim e tentou
dizer alguma coisa apenas mexendo a boca. Eu só entendi um “não”, mas foi
suficiente para ficar em alerta.
-É um procedimento padrão, os
policiais de todo o país estão criando fichas adicionais para pessoas do perfil
de vocês. Assim que fizermos esse cadastro, estarão livres.
- E para fazer um cadastro
precisa dar voz de prisão? Perguntei.
-Na atual situação, vocês são
culpados, até que provem o contrário.
-Culpados de quê? Perguntou
Joshua.
-Senhores, não irei repetir.
Coloquem as mãos para trás. Avisou o policial.
-Vamos dar o fora! Sussurrou
Cássio.
Eu coloquei minhas mãos para
trás, e o policial me algemou.
-Ah, pelo amor de Deus! Exclamou
Cássio.
-Zack? Joshua estava cético.
O policial chegou até Joshua, e o
algemou, mesmo com meu amigo tentando evitar. Em seguida foi a vez de
Elisabeth. Quando o policial foi algemar Cássio, ele fez um movimento com as
mãos, mas antes que ele pudesse terminar eu o interrompi.
-Cássio! Não! Vamos, pare com
isso.
Cássio me olhou com cara de
poucos amigos. O policial que estava com a arma aproximou-se mais dele. Então,
Cássio deixou que as algemas fossem colocadas.
***
Estávamos algemados dentro do
camburão, aquela posição era muito desconfortável. Conversávamos baixo para que
os policiais não escutassem.
-No que você está pensando?
Deveríamos ter fugido dali! Disse Cássio.
-Eu pensei a mesma coisa. Disse
Elisabeth.
-Quero saber que procedimento é esse?
Quem sabe o que podemos encontrar por lá? Respondi.
-Esse é o problema! Disse Cássio.
-Eu acho que pode ter sido uma
boa ideia. Claro que poderíamos fazer isso depois de buscar Elisa. Disse Joshua.
-Droga! Espero que ela não
resolva sair com aquele imbecil. Falou Elisabeth.
-Nós não iremos demorar. Falei. -
Elisabeth, essas algemas são algum problema pra você?
-Não. Respondeu Ela.
-Nós estudaremos a situação. Eu
disse. - Que tipo de cadastro é esse? Tenho certeza de que algo estranho vem
daí.
- Eu desisto de vocês! Exclamou
Cássio.
Dessa vez ele falou alto e um dos
policiais olhou para trás.
-Shii. Fale baixo. Disse
Elisabeth.
- Se vocês querem saber, a
polícia já me abordou nos últimos meses, durante minhas viagens. E alguns dos
policiais eram mutantes, assim como nós. O fato de eles estarem nos levando não
pode ser nada bom. Disse Cássio, nervoso.
- O que você fez quando eles te
abordaram? Perguntei estupidamente.
- O que mais eu poderia ter
feito? Eu fugi, é óbvio!
- O que você acha que eles farão,
Cássio? Perguntou Joshua.
- Cara, eu não sei. Mas com
certeza eu não estou a fim de descobrir.
- Agora não tem mais jeito, vamos
até lá e descobriremos o que está havendo.
- É claro que tem jeito. Gatinha,
ainda temos tempo, quebre essas algemas. Disse Cássio.
- Eu já te falei que... Iniciou
Elisabeth quando foi interrompida.
-Chegamos. Avisou o policial.
–Façam uma fila e sigam o companheiro.
-Aqui é a delegacia? Perguntou
Cássio.
-Não. Respondeu Elisabeth.
Estávamos na frente de uma
fazenda, onde uma placa dizia: Campo de
Lumus. Era diferente, pois ao invés de madeira, as coisas eram construídas
com um tipo de metal. Um dos policiais seguia armado em nossa frente, e o outro
atrás de nós.
- Que legal, agora está ficando
melhor. Ironizou Cássio.
-Este lugar está modificado.
Disse Joshua.
- É verdade. Assenti.
Passamos pelo grande portão de
metal, onde um policial estava de vigia. Andamos um pouco até chegarmos a uma
construção de metal. Parecia uma casa comum, mas era revestida de algo parecido
com aço. A certa distância, vimos cerca
de quinze pessoas organizadas em filas sendo orientadas por um homem fardado.
-Entrem. Ordenou o policial que
nos escoltava.
Entramos no local, e realmente
parecia uma delegacia. Sentado atrás de uma grande mesa com alguns papéis,
pastas, canetas, um porta retrato e uma placa com a escritura: Dr. Felipe Bravo, estava um homem
branco, de óculos e com pouco cabelo.
- O que temos aqui? Perguntou o
delegado.
- Estes jovens estavam passeando
de carro pela cidade, Senhor.
-Ora, não sei porque os trouxe
aqui. Disse o delegado. - O que há de errado em passear pela cidade? Não é
porque a cidade possui monstros soltos por aí, que as pessoas não podem
apreciar a paisagem, se divertirem.
Concordam comigo, pessoal?
Eu e meus amigos nos
entreolhamos.
- Marques, não seja deselegante.
Tire as algemas desses jovens. A não ser que vocês mesmos queiram tirar,
amigos. O que acham? Disse o delegado.
Continuamos em silêncio. Um dos
policiais pegou as chaves e retirou as algemas.
- Fiquem a vontade, queridos.
Vamos conversar um pouco. Disse o delegado.
-O que você quer? Perguntou
Joshua.
-Que bom, eu já estava ficando
preocupado com esse silêncio. Achei que fossem todos mudos, e eu não conheço a
linguagem de sinais.
-Não tem motivos para nos manter
aqui, o que querem de nós? Perguntou Joshua novamente.
- Apenas informações. Respondeu
sorrindo o delegado. – Vocês notaram alguma coisa estranha em seus corpos
ultimamente? Ah, antes que pensem que sou médico, não é sobre a puberdade que
estou falando.
- Não, nada Senhor. Disse Cássio.
-Deixe disso meu rapaz, me chame
de Bravo. Disse o delegado se levantando. – Quer dizer que vocês não notaram
nada de diferente? Interessante. Onde vocês estavam indo quando meus homens os
capturaram?
-Lugar nenhum.
-Ao mercado.
-Pra casa.
-No...
Nós todos respondemos ao mesmo
tempo, e infelizmente falamos lugares diferentes. Bravo sorriu.
-Parece que vocês não sabiam ao
certo para onde iriam, não é mesmo? Relaxem, na minha juventude eu costumava
fazer isso. É claro que no meu tempo as coisas eram um pouco diferentes.
Bravo passou em nossa frente e
nos observou da cabeça aos pés.
-Venham garotos, sigam-me.
Marques, Marlon, venham conosco. Não quero que nada de ruim aconteça a estes
jovens.
O delegado saiu na frente, e
fomos em seguida, escoltados pelos policias que carregavam suas armas. Quando
saímos, eu percebi o tamanho daquela “fazenda”. Havia várias cabines de metal,
eram parecidas com quartos, e tudo era revestido de metal.
-Olhem, estão vendo aquelas
pessoas ali? Perguntou Bravo. - Estão sendo treinadas. Sei que vocês ainda não
sabem, mas existem mutantes espalhados por aí. Para o nosso bem, existem
mutantes bons, e infelizmente existem os maus. Aqueles ali são os bons. Estão
sendo preparados para trabalhar em favor do nosso país.
As pessoas que vimos enfileiradas
quando chegamos, estavam fazendo abdominais. Cássio balançava a cabeça
negativamente.
-Marlon, por favor, vá buscar o
material. Disse Bravo.
-Sim senhor. Assentiu o policial
que saiu na direção de uma das cabines, que ficava depois de uma cerca de
metal.
-Qual é o objetivo de se treinar
esses mutantes? Perguntei.
- Que bom que perguntou. –Disse
Bravo. – Alguns mutantes malvados estão se organizando em gangs ou milícias.
Isso está fazendo com que o caos seja instalado em todos os lugares. As pessoas
não respeitam mais as leis, e a polícia não está conseguindo dar conta disso.
Por isso, estamos agrupando bons mutantes, com boas intenções, para
simplesmente poder trazer tranquilidade para pessoas comuns, e para os próprios
mutantes, que agora fazem parte de nossa sociedade.
-Isso parece bom. Disse Joshua.
- E é. Respondeu o delegado.
Vamos varrer todos os delinquentes das ruas. Essa operação está sendo realizada
em todo o país. Mas para isso devemos recrutar e treinar o maior número de
mutantes.
-Não entendo porque está nos
dizendo isso. Nós somos pessoas normais. Disse Cássio.
-Quero apenas que toda a
população esteja bem informada. Disse Bravo.
-Droga! Exclamou Elisabeth. O que
é aquilo?
O policial Marlon estava
voltando, quando de repente o vi abrindo a boca e lançando uma enorme bola
gosmenta em nossa direção. A gosma vinha
em alta velocidade, era impossível escapar sem fazer nada. Bravo olhou
rapidamente para nós, e quando a gosma estava prestes a nos atingir, Cássio
levantou as mãos e fez surgir uma barreira de terra que bloqueou aquela gosma
negra.
Continua...
4 comentários:
Achei tensa essa coisa de esconder quem eles eram do delegado. No final, acabou dando merda. E agora? O que aconteceu de verdade, e o que estará por vir?
Aguardando o prox.
:O
Estou gostando muito de Cassio, ele é atitude.
Vamo ve no que vai dar esse negocio de recrutas do governo. A coisa ta ficando cada vez mais séria.
Muito massa esse desenho. :)
Ah! não!Eu já estava imaginando que tinha alguma cisa de errado. Ainda mais uma delegacia em uma enorme fazenda? Com pequenas construções de metais...
tô confabulando aqui o que será esse campo... eu acho que eles treinam quem se unir a causa deles e "eliminam" quem se negar a aderir! Isso é fato!
Capítulo tenso! e esse final, então! com essa gosma e o inicio de uma batalha tensa!
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