quarta-feira, 10 de abril de 2013

Adaptation: Capítulo 29




-Como é que é? Como assim, estamos presos? Cássio falou pegando em meu braço.
-Vamos para a delegacia. Lá saberão o porque. Disse um dos policiais com uma arma na mão.
-Mas nós temos o direito de saber o motivo. Disse Elisabeth.
Cássio olhou para mim e tentou dizer alguma coisa apenas mexendo a boca. Eu só entendi um “não”, mas foi suficiente para ficar em alerta.
-É um procedimento padrão, os policiais de todo o país estão criando fichas adicionais para pessoas do perfil de vocês. Assim que fizermos esse cadastro, estarão livres.
- E para fazer um cadastro precisa dar voz de prisão? Perguntei.
-Na atual situação, vocês são culpados, até que provem o contrário.
-Culpados de quê? Perguntou Joshua.
-Senhores, não irei repetir. Coloquem as mãos para trás. Avisou o policial.
-Vamos dar o fora! Sussurrou Cássio.
Eu coloquei minhas mãos para trás, e o policial me algemou.
-Ah, pelo amor de Deus! Exclamou Cássio.
-Zack? Joshua estava cético.
O policial chegou até Joshua, e o algemou, mesmo com meu amigo tentando evitar. Em seguida foi a vez de Elisabeth. Quando o policial foi algemar Cássio, ele fez um movimento com as mãos, mas antes que ele pudesse terminar eu o interrompi.
-Cássio! Não! Vamos, pare com isso.
Cássio me olhou com cara de poucos amigos. O policial que estava com a arma aproximou-se mais dele. Então, Cássio deixou que as algemas fossem colocadas.

***

Estávamos algemados dentro do camburão, aquela posição era muito desconfortável. Conversávamos baixo para que os policiais não escutassem.
-No que você está pensando? Deveríamos ter fugido dali! Disse Cássio.
-Eu pensei a mesma coisa. Disse Elisabeth.
-Quero saber que procedimento é esse? Quem sabe o que podemos encontrar por lá? Respondi.
-Esse é o problema! Disse Cássio.
-Eu acho que pode ter sido uma boa ideia. Claro que poderíamos fazer isso depois de buscar Elisa. Disse Joshua.
-Droga! Espero que ela não resolva sair com aquele imbecil. Falou Elisabeth.
-Nós não iremos demorar. Falei. - Elisabeth, essas algemas são algum problema pra você?
-Não. Respondeu Ela.
-Nós estudaremos a situação. Eu disse. - Que tipo de cadastro é esse? Tenho certeza de que algo estranho vem daí.
- Eu desisto de vocês! Exclamou Cássio.
Dessa vez ele falou alto e um dos policiais olhou para trás.
-Shii. Fale baixo. Disse Elisabeth.
- Se vocês querem saber, a polícia já me abordou nos últimos meses, durante minhas viagens. E alguns dos policiais eram mutantes, assim como nós. O fato de eles estarem nos levando não pode ser nada bom. Disse Cássio, nervoso.
- O que você fez quando eles te abordaram? Perguntei estupidamente.
- O que mais eu poderia ter feito? Eu fugi, é óbvio!
- O que você acha que eles farão, Cássio? Perguntou Joshua.
- Cara, eu não sei. Mas com certeza eu não estou a fim de descobrir.
- Agora não tem mais jeito, vamos até lá e descobriremos o que está havendo.
- É claro que tem jeito. Gatinha, ainda temos tempo, quebre essas algemas. Disse Cássio.
- Eu já te falei que... Iniciou Elisabeth quando foi interrompida.
-Chegamos. Avisou o policial. –Façam uma fila e sigam o companheiro.
-Aqui é a delegacia? Perguntou Cássio.
-Não. Respondeu Elisabeth.
Estávamos na frente de uma fazenda, onde uma placa dizia: Campo de Lumus. Era diferente, pois ao invés de madeira, as coisas eram construídas com um tipo de metal. Um dos policiais seguia armado em nossa frente, e o outro atrás de nós.
- Que legal, agora está ficando melhor. Ironizou Cássio.
-Este lugar está modificado. Disse Joshua.
- É verdade. Assenti.
Passamos pelo grande portão de metal, onde um policial estava de vigia. Andamos um pouco até chegarmos a uma construção de metal. Parecia uma casa comum, mas era revestida de algo parecido com aço.  A certa distância, vimos cerca de quinze pessoas organizadas em filas sendo orientadas por um homem fardado.
-Entrem. Ordenou o policial que nos escoltava.
Entramos no local, e realmente parecia uma delegacia. Sentado atrás de uma grande mesa com alguns papéis, pastas, canetas, um porta retrato e uma placa com a escritura: Dr. Felipe Bravo, estava um homem branco, de óculos e com pouco cabelo.
- O que temos aqui? Perguntou o delegado.
- Estes jovens estavam passeando de carro pela cidade, Senhor.
-Ora, não sei porque os trouxe aqui. Disse o delegado. - O que há de errado em passear pela cidade? Não é porque a cidade possui monstros soltos por aí, que as pessoas não podem apreciar a paisagem, se divertirem.  Concordam comigo, pessoal?
Eu e meus amigos nos entreolhamos.
- Marques, não seja deselegante. Tire as algemas desses jovens. A não ser que vocês mesmos queiram tirar, amigos. O que acham? Disse o delegado.
Continuamos em silêncio. Um dos policiais pegou as chaves e retirou as algemas.
- Fiquem a vontade, queridos. Vamos conversar um pouco. Disse o delegado.
-O que você quer? Perguntou Joshua.
-Que bom, eu já estava ficando preocupado com esse silêncio. Achei que fossem todos mudos, e eu não conheço a linguagem de sinais.
-Não tem motivos para nos manter aqui, o que querem de nós? Perguntou Joshua novamente.
- Apenas informações. Respondeu sorrindo o delegado. – Vocês notaram alguma coisa estranha em seus corpos ultimamente? Ah, antes que pensem que sou médico, não é sobre a puberdade que estou falando.
- Não, nada Senhor. Disse Cássio.
-Deixe disso meu rapaz, me chame de Bravo. Disse o delegado se levantando. – Quer dizer que vocês não notaram nada de diferente? Interessante. Onde vocês estavam indo quando meus homens os capturaram?
-Lugar nenhum.
-Ao mercado.
-Pra casa.
-No...
Nós todos respondemos ao mesmo tempo, e infelizmente falamos lugares diferentes. Bravo sorriu.
-Parece que vocês não sabiam ao certo para onde iriam, não é mesmo? Relaxem, na minha juventude eu costumava fazer isso. É claro que no meu tempo as coisas eram um pouco diferentes.
Bravo passou em nossa frente e nos observou da cabeça aos pés.
-Venham garotos, sigam-me. Marques, Marlon, venham conosco. Não quero que nada de ruim aconteça a estes jovens.
O delegado saiu na frente, e fomos em seguida, escoltados pelos policias que carregavam suas armas. Quando saímos, eu percebi o tamanho daquela “fazenda”. Havia várias cabines de metal, eram parecidas com quartos, e tudo era revestido de metal.
-Olhem, estão vendo aquelas pessoas ali? Perguntou Bravo. - Estão sendo treinadas. Sei que vocês ainda não sabem, mas existem mutantes espalhados por aí. Para o nosso bem, existem mutantes bons, e infelizmente existem os maus. Aqueles ali são os bons. Estão sendo preparados para trabalhar em favor do nosso país.
As pessoas que vimos enfileiradas quando chegamos, estavam fazendo abdominais. Cássio balançava a cabeça negativamente.
-Marlon, por favor, vá buscar o material. Disse Bravo.
-Sim senhor. Assentiu o policial que saiu na direção de uma das cabines, que ficava depois de uma cerca de metal.
-Qual é o objetivo de se treinar esses mutantes? Perguntei.
- Que bom que perguntou. –Disse Bravo. – Alguns mutantes malvados estão se organizando em gangs ou milícias. Isso está fazendo com que o caos seja instalado em todos os lugares. As pessoas não respeitam mais as leis, e a polícia não está conseguindo dar conta disso. Por isso, estamos agrupando bons mutantes, com boas intenções, para simplesmente poder trazer tranquilidade para pessoas comuns, e para os próprios mutantes, que agora fazem parte de nossa sociedade.
-Isso parece bom. Disse Joshua.
- E é. Respondeu o delegado. Vamos varrer todos os delinquentes das ruas. Essa operação está sendo realizada em todo o país. Mas para isso devemos recrutar e treinar o maior número de mutantes.
-Não entendo porque está nos dizendo isso. Nós somos pessoas normais. Disse Cássio.
-Quero apenas que toda a população esteja bem informada. Disse Bravo.
-Droga! Exclamou Elisabeth. O que é aquilo?
O policial Marlon estava voltando, quando de repente o vi abrindo a boca e lançando uma enorme bola gosmenta em nossa direção.  A gosma vinha em alta velocidade, era impossível escapar sem fazer nada. Bravo olhou rapidamente para nós, e quando a gosma estava prestes a nos atingir, Cássio levantou as mãos e fez surgir uma barreira de terra que bloqueou aquela gosma negra.

Continua...

4 comentários:

Saulo disse...

Achei tensa essa coisa de esconder quem eles eram do delegado. No final, acabou dando merda. E agora? O que aconteceu de verdade, e o que estará por vir?

Aguardando o prox.

Diego disse...

:O

Estou gostando muito de Cassio, ele é atitude.

Vamo ve no que vai dar esse negocio de recrutas do governo. A coisa ta ficando cada vez mais séria.

Muito massa esse desenho. :)

Eddi Brit Dêda de Andrade disse...

Ah! não!Eu já estava imaginando que tinha alguma cisa de errado. Ainda mais uma delegacia em uma enorme fazenda? Com pequenas construções de metais...

Deborah Miranda disse...

tô confabulando aqui o que será esse campo... eu acho que eles treinam quem se unir a causa deles e "eliminam" quem se negar a aderir! Isso é fato!

Capítulo tenso! e esse final, então! com essa gosma e o inicio de uma batalha tensa!