O delegado Bravo começou a bater
palmas.
-Esplêndido! Maravilhoso! Disse
ele.
Ficamos ao lado de Cássio e nos
entreolhamos.
-O que foi isso? Perguntei.
-Ora, não foi nada. Respondeu o
delegado. Acho que foi apenas um acidente de percurso, não foi, Marlon?
- Sim, senhor.
Agora me digam, garotos. Eu tenho
cara de palhaço?
***
Os policiais Marques e Marlon
aproximaram-se de nós para nos levar para dentro da delegacia.
-É melhor não se aproximarem.
Avisou Cássio.
Os policiais riram.
-Garoto, nós estamos conversando.
Não queremos brigar com vocês, só peço que falem a verdade de agora em diante,
ou não serei um anfitrião tão bom quanto tenho sido.
O delegado fez um sinal para
outros homens fardados que estavam treinando as pessoas mais adiante e então
nos chamou.
-Venham, vamos nos sentar um
pouco.
-Nós podemos conversar aqui. Não
temos muito que falar. Disse Elisabeth.
-Tudo bem, darei o braço a torcer
mais uma vez. Além desse rapaz, quem mais tem alguma coisa para mostrar?
Demoramos um pouco para responder
até que Joshua falou:
-Todos nós temos poderes. Eu tenho
dons com as plantas, Elisabeth tem força fora do comum e Zackarie cria gelo.
Está satisfeito? O que mais você quer? Não ficaremos aqui como cobaias de
experimentos ridículos!
-Interessante. Falou o delegado
dando uma tragada em seu charuto interminável. –Bom, o que eu tenho a dizer é o
seguinte: precisamos de vocês aqui para deixar nossa cidade em ordem. Preciso
que ajudem o nosso grupo a acabar com os crimes que estão cometendo por ai. Nosso
presidente está traçando estratégias para a nova sociedade que surgiu. Sabemos
que existem mutantes como vocês, que não querem fazer mal a ninguém, não é
verdade?
-Dispensamos. Cortou Cássio. – Queremos sair
daqui, como o senhor mesmo disse, somos mutantes do bem, e não fazemos mal a
ninguém. Por isso, estamos indo embora.
Cássio virou-se para o portão de
saída quando uma faca veio de longe e cravou no chão ao lado de seu pé direito.
-Bom, se vocês recusam a um
chamado do governo numa situação de emergência, teremos que mantê-los em
reclusão até que a situação se normalize.
-Ei, calma. Não precisa disso.
Falei. –Podemos negociar.
-É mesmo? O que vocês irão nos
oferecer? Saibam que isso é suborno. Sorriu o delegado.
-Nós temos família, não podemos
ficar fora por muito tempo. Estávamos indo comprar mantimentos. Disse Joshua.
- Infelizmente vocês não podem
sair agora por medida de segurança. Marlon, Marques, coloquem eles lá dentro.
-Esperem! Temos interesse em
ficarmos com o grupo de vocês. Falou Elisabeth.
- Que palhaçada é essa agora
garota? Indagou Cássio.
-Preferimos treinar com vocês ao
invés de ficarmos detidos. Falou Elisabeth.
-Não está esquecendo nada,
Elisabeth? Perguntou Joshua. Sua irmã pode estar em apuros.
Elisabeth olhou para Joshua e
respirou fundo.
-Ok, ok. Eu tentei. Disse ela.
Elisabeth virou-se para o
delegado e deu um soco. Sem que eu visse, uma placa de metal apareceu na frente
dela e ela acabou a acertando. Joshua jogou várias sementes para cima, e
algumas plantas cresceram instantaneamente liberando um pólen. Cássio liberou
duas rajadas de terra, que acabaram dispersando Marques e Marlon. Tentei
Utilizar meus poderes, mas só água saiu de minhas mãos.
-Pessoal, vamos sair daqui!
Gritou Joshua.
Um alarme soou, e cerca de dez
homens vieram em nossa direção. O portão por onde entramos estava fechado.
-Droga! Estamos sem saída. Disse
Elisabeth.
-Afastem-se! Alertou Cássio.
Fizemos um círculo enquanto os
homens estavam próximos de nós. Cássio abriu os braços e um buraco enorme e
profundo se abriu.
-Pulem! Disse Cássio, se jogando.
Elisabeth pulou em seguida, sendo
ajudada por Cássio na queda. Joshua tentou me ajudar a pular quando um homem
conseguiu segurar a borda de minha camisa.
***
Movimentei os braços e então Joshua me puxou de
uma vez rasgando um pedaço de minha camisa. Caímos no buraco e Cássio o fechou
prontamente. A terra começou a descer e tive a sensação de que ficaríamos
soterrados, mas com o cerrar dos punhos, Cássio fez com que parasse.
-E agora? Perguntei.
-Você está bem, Zack? Perguntou
Elisabeth.
-Não deveríamos ter saído de
casa. Resmungou Joshua.
-Quietos! Disse Cássio. -Algum de
vocês tem visão noturna? Não? Então fiquem quietos!
Estava tudo escuro, não dava pra
ver absolutamente nada. Levantei-me com a ajuda de Elisabeth. Começamos a ouvir
um barulho vindo de cima.
-Eles vão nos pegar. Disse
Joshua.
-Sigam minha voz. Preciso de
silêncio para saber onde estamos e não sair em qualquer lugar.
-Ok. Respondemos.
Ouvimos um barulho amedrontador a
nossa frente, era Cássio abrindo espaços subterrâneos para que pudéssemos sair
dali.
-Venham. Ele falou.
A cada comando de Cássio
andávamos, e atrás de nós ele fazia com que a rota se fechasse para que
perseguidores não nos alcançassem. Acima de nós os barulhos continuavam. Depois
de algum tempo foram diminuindo. Aparentemente os homens do Dr. Bravo não
sabiam ao certo onde nós estávamos.
-Estou ficando sem ar. Disse
Elisabeth.
-Aguente mais um pouco. Falei.
-Será que estamos fora da
fazenda? Perguntou Joshua.
-Acredito que sim, não tenho
certeza. Disse Cássio. Tenho que tomar cuidado para não sair num lugar onde
estejam nos esperando.
Continuamos andando no escuro, e
eu também já não conseguia respirar direito. Cássio seguia a frente abrindo e
fechando caminho.
-Como você descobriu que tinha
poderes, Cássio? Perguntei.
Ele demorou um pouco para
responder.
-Nada demais. Não tenho certeza,
quando percebi, eu já estava assim.
- Mas em que situação você
percebeu isso? Prossegui com o questionamento.
-É... Eu andava de skate quando
caí e a terra movimentou-se. Acho que foi isso. Ah, quer saber, isso não é hora
de falar sobre isso. Disse Cássio.
-Eu só estou tentando puxar um
assunto. Falei.
-Está atrapalhando.
-Ok, não está mais aqui quem
falou.
Andamos por mais uns 30 minutos.
Eu estava suando frio, literalmente. Elisabeth estava ofegante ao meu lado.
-Não podemos continuar. Disse
Joshua. –Não aguentamos mais. Vamos sair.
-Não conseguem mais um pouco?
Perguntou Cássio.
-Estamos no limite, falei.
-Tudo bem. Respondeu Cássio. -Fiquem
onde estão.
Ouvimos a terra movimentando-se
acima de nós. A claridade nos deixou cegos durante alguns segundos. O próprio
Cássio teve dificuldades com a luz.
-Olha o elevador. Disse Cássio.
Ele movimentou os braços e o
local onde estávamos elevou-se até a superfície. Saímos na beira de uma pista
que levava até um bairro chamado Lado B. Ficamos ali por um tempo. Sentamos
para tomar fôlego. Cássio apesar de estar numa situação melhor que a nossa
suava bastante, além de aparentar muito cansaço.
-Não podemos ficar aqui. É
perigoso. Falei.
-Você tem razão. Temos que correr
até minha casa. Disse Elisabeth.
-Meu carro... Resmungou Cássio. –
Vou ter que roubar outro.
-Ei! Reclamei.
***
-Não acredito que fizemos isso!
Falei.
-Eu não poderia ficar sem um carro.
Argumentou Cássio. – Está com medo da polícia?
-E vocês? Concordaram com tudo.
Continuei reclamando.
-É melhor do que ir de pé. Disse
Joshua. – Depois nós devolvemos. Ele sorriu.
Elisabeth estava concentrada. Ela
já não falava nada desde que Cássio arrombou o carro branco, familiar que
estávamos.
-Está se sentindo bem
Elisabeth? Perguntou Joshua.
Ela acenou.
Estávamos chegando ao nosso
destino quando vi pessoas de feições familiares. Eu as conhecia de algum lugar.
-Cássio, pare o carro. Falei.
-O que foi agora?
-Pare o carro!Repeti.
-São... Iniciou Joshua.
Cássio parou o carro e descemos.
Um casal estava a nossa frente. Eles andavam de maneira estranha, ele mancava
de uma perna enquanto ela balançava a cabeça de um lado para o outro. Ele
vestia jaleco, ela usava um blazer com uma calça preta.
-Srª Gina, Sr. Peter! Chamei.
Eles nos olharam estranhamente.
Os olhos deles estavam avermelhados.
-Quem são esses? Perguntou
Cássio.
- Os pais de nosso amigo.
Respondeu Joshua.
Continua...
Ilustração: Patrick. A
Ilustração: Patrick. A
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E agora Plínio?
Zombies?
Zombies?
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