sexta-feira, 19 de julho de 2013

Adaptation: Capítulo 30



O delegado Bravo começou a bater palmas.
-Esplêndido! Maravilhoso! Disse ele.
Ficamos ao lado de Cássio e nos entreolhamos.
-O que foi isso? Perguntei.
-Ora, não foi nada. Respondeu o delegado. Acho que foi apenas um acidente de percurso, não foi, Marlon?
- Sim, senhor.
Agora me digam, garotos. Eu tenho cara de palhaço?
***

Os policiais Marques e Marlon aproximaram-se de nós para nos levar para dentro da delegacia.
-É melhor não se aproximarem. Avisou Cássio.
Os policiais riram.
-Garoto, nós estamos conversando. Não queremos brigar com vocês, só peço que falem a verdade de agora em diante, ou não serei um anfitrião tão bom quanto tenho sido.
O delegado fez um sinal para outros homens fardados que estavam treinando as pessoas mais adiante e então nos chamou.
-Venham, vamos nos sentar um pouco.
-Nós podemos conversar aqui. Não temos muito que falar. Disse Elisabeth.
-Tudo bem, darei o braço a torcer mais uma vez. Além desse rapaz, quem mais tem alguma coisa para mostrar?
Demoramos um pouco para responder até que Joshua falou:
-Todos nós temos poderes. Eu tenho dons com as plantas, Elisabeth tem força fora do comum e Zackarie cria gelo. Está satisfeito? O que mais você quer? Não ficaremos aqui como cobaias de experimentos ridículos!
-Interessante. Falou o delegado dando uma tragada em seu charuto interminável. –Bom, o que eu tenho a dizer é o seguinte: precisamos de vocês aqui para deixar nossa cidade em ordem. Preciso que ajudem o nosso grupo a acabar com os crimes que estão cometendo por ai. Nosso presidente está traçando estratégias para a nova sociedade que surgiu. Sabemos que existem mutantes como vocês, que não querem fazer mal a ninguém, não é verdade?
 -Dispensamos. Cortou Cássio. – Queremos sair daqui, como o senhor mesmo disse, somos mutantes do bem, e não fazemos mal a ninguém. Por isso, estamos indo embora.
Cássio virou-se para o portão de saída quando uma faca veio de longe e cravou no chão ao lado de seu pé direito.
-Bom, se vocês recusam a um chamado do governo numa situação de emergência, teremos que mantê-los em reclusão até que a situação se normalize.
-Ei, calma. Não precisa disso. Falei. –Podemos negociar.
-É mesmo? O que vocês irão nos oferecer? Saibam que isso é suborno. Sorriu o delegado.
-Nós temos família, não podemos ficar fora por muito tempo. Estávamos indo comprar mantimentos. Disse Joshua.
- Infelizmente vocês não podem sair agora por medida de segurança. Marlon, Marques, coloquem eles lá dentro.
-Esperem! Temos interesse em ficarmos com o grupo de vocês. Falou Elisabeth.
- Que palhaçada é essa agora garota? Indagou Cássio.
-Preferimos treinar com vocês ao invés de ficarmos detidos. Falou Elisabeth.
-Não está esquecendo nada, Elisabeth? Perguntou Joshua. Sua irmã pode estar em apuros.   
Elisabeth olhou para Joshua e respirou fundo.
-Ok, ok. Eu tentei. Disse ela.
Elisabeth virou-se para o delegado e deu um soco. Sem que eu visse, uma placa de metal apareceu na frente dela e ela acabou a acertando. Joshua jogou várias sementes para cima, e algumas plantas cresceram instantaneamente liberando um pólen. Cássio liberou duas rajadas de terra, que acabaram dispersando Marques e Marlon. Tentei Utilizar meus poderes, mas só água saiu de minhas mãos.
-Pessoal, vamos sair daqui! Gritou Joshua.
Um alarme soou, e cerca de dez homens vieram em nossa direção. O portão por onde entramos estava fechado.
-Droga! Estamos sem saída. Disse Elisabeth.
-Afastem-se! Alertou Cássio.
Fizemos um círculo enquanto os homens estavam próximos de nós. Cássio abriu os braços e um buraco enorme e profundo se abriu.
-Pulem! Disse Cássio, se jogando.
Elisabeth pulou em seguida, sendo ajudada por Cássio na queda. Joshua tentou me ajudar a pular quando um homem conseguiu segurar a borda de minha camisa.
***
 Movimentei os braços e então Joshua me puxou de uma vez rasgando um pedaço de minha camisa. Caímos no buraco e Cássio o fechou prontamente. A terra começou a descer e tive a sensação de que ficaríamos soterrados, mas com o cerrar dos punhos, Cássio fez com que parasse.
-E agora? Perguntei.
-Você está bem, Zack? Perguntou Elisabeth.
-Não deveríamos ter saído de casa. Resmungou Joshua.
-Quietos! Disse Cássio. -Algum de vocês tem visão noturna? Não? Então fiquem quietos!
Estava tudo escuro, não dava pra ver absolutamente nada. Levantei-me com a ajuda de Elisabeth. Começamos a ouvir um barulho vindo de cima.
-Eles vão nos pegar. Disse Joshua.
-Sigam minha voz. Preciso de silêncio para saber onde estamos e não sair em qualquer lugar.
-Ok. Respondemos.
Ouvimos um barulho amedrontador a nossa frente, era Cássio abrindo espaços subterrâneos para que pudéssemos sair dali.
-Venham. Ele falou.
A cada comando de Cássio andávamos, e atrás de nós ele fazia com que a rota se fechasse para que perseguidores não nos alcançassem. Acima de nós os barulhos continuavam. Depois de algum tempo foram diminuindo. Aparentemente os homens do Dr. Bravo não sabiam ao certo onde nós estávamos.
-Estou ficando sem ar. Disse Elisabeth.
-Aguente mais um pouco. Falei.
-Será que estamos fora da fazenda? Perguntou Joshua.
-Acredito que sim, não tenho certeza. Disse Cássio. Tenho que tomar cuidado para não sair num lugar onde estejam nos esperando.
Continuamos andando no escuro, e eu também já não conseguia respirar direito. Cássio seguia a frente abrindo e fechando caminho.
-Como você descobriu que tinha poderes, Cássio? Perguntei.
Ele demorou um pouco para responder.
-Nada demais. Não tenho certeza, quando percebi, eu já estava assim.
- Mas em que situação você percebeu isso? Prossegui com o questionamento.
-É... Eu andava de skate quando caí e a terra movimentou-se. Acho que foi isso. Ah, quer saber, isso não é hora de falar sobre isso. Disse Cássio.
-Eu só estou tentando puxar um assunto. Falei.
-Está atrapalhando.
-Ok, não está mais aqui quem falou.
Andamos por mais uns 30 minutos. Eu estava suando frio, literalmente. Elisabeth estava ofegante ao meu lado.
-Não podemos continuar. Disse Joshua. –Não aguentamos mais. Vamos sair.
-Não conseguem mais um pouco? Perguntou Cássio.
-Estamos no limite, falei.
-Tudo bem. Respondeu Cássio. -Fiquem onde estão.
Ouvimos a terra movimentando-se acima de nós. A claridade nos deixou cegos durante alguns segundos. O próprio Cássio teve dificuldades com a luz.
-Olha o elevador. Disse Cássio.
Ele movimentou os braços e o local onde estávamos elevou-se até a superfície. Saímos na beira de uma pista que levava até um bairro chamado Lado B. Ficamos ali por um tempo. Sentamos para tomar fôlego. Cássio apesar de estar numa situação melhor que a nossa suava bastante, além de aparentar muito cansaço.
-Não podemos ficar aqui. É perigoso. Falei.
-Você tem razão. Temos que correr até minha casa. Disse Elisabeth.
-Meu carro... Resmungou Cássio. – Vou ter que roubar outro.
-Ei! Reclamei.
***
-Não acredito que fizemos isso! Falei.
-Eu não poderia ficar sem um carro. Argumentou Cássio. – Está com medo da polícia?
-E vocês? Concordaram com tudo. Continuei reclamando.
-É melhor do que ir de pé. Disse Joshua. – Depois nós devolvemos. Ele sorriu.
Elisabeth estava concentrada. Ela já não falava nada desde que Cássio arrombou o carro branco, familiar que estávamos.
-Está se sentindo bem Elisabeth?  Perguntou Joshua.
Ela acenou.
Estávamos chegando ao nosso destino quando vi pessoas de feições familiares. Eu as conhecia de algum lugar.
-Cássio, pare o carro. Falei.
-O que foi agora?
-Pare o carro!Repeti.
-São... Iniciou Joshua.
Cássio parou o carro e descemos. Um casal estava a nossa frente. Eles andavam de maneira estranha, ele mancava de uma perna enquanto ela balançava a cabeça de um lado para o outro. Ele vestia jaleco, ela usava um blazer com uma calça preta.
-Srª Gina, Sr. Peter! Chamei.
Eles nos olharam estranhamente. Os olhos deles estavam avermelhados.
-Quem são esses? Perguntou Cássio.
- Os pais de nosso amigo. Respondeu Joshua.

Continua...


Ilustração: Patrick. A

5 comentários:

Anônimo disse...
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Saulo disse...
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Saulo disse...

E agora Plínio?

Unknown disse...

Zombies?

Unknown disse...

Zombies?