Adaptation: Capítulo 1

Oi, meu nome é Zackarie Miller, sou um adolescente de 17 anos, quase normal. Quase, porque digamos assim, sou uma pessoa muito fria. Moro com meus pais na cidade de Lumus, uma cidade mediana, que até pouco tempo era muito monótona.

A cerca de 6 meses atrás, estava indo para mais um dia de colégio, estou no último ano do colegial. Era o dia de apresentar um trabalho de biologia, e eu, pra variar, não havia feito.

Logo que cheguei ao colégio, encontrei Plínio, um cara legal, meio neurótico, ele é aquele típico garoto nerd de filmes americanos, baixo, loirinho, cabelos meio de conchinha. Mas acho que é um dos meus melhores amigos:

-Zack, você fez o trabalho de biologia?

-Claro que não, a professora pediu em cima da hora, não tive tempo.

-Em cima da hora? Ele perguntou com aquele sorriso sarcástico, odeio quando ele faz isso. - Ela pediu a duas semanas, e disse que poderia ser feito em dupla.

-Em dupla? Gritei aliviado. -Então você pode dizer que fizemos juntos!

-Não posso, fiz com o Joshua.

Assim que terminou de mencionar o nome, ele apareceu. Um cara atlético, cabelos sempre bagunçados, meio desleixado com a aparência, mas sempre fez sucesso com as garotas.

-Fala galera! E ai como vão? O sinal já vai tocar,“vamo” entrar.

-Vocês são duas traíras! Como é que podem me deixar nessa roubada sozinho?

O sinal tocou, e entramos para o laboratório.

  ***

Todos na turma pareciam ter feito ótimos trabalhos, menos eu, claro. A professora Isabel chamava as duplas aleatoriamente, ela era uma pessoa dócil, mas não gostava muito quando seus alunos não cumpriam com suas obrigações.

-Bom trabalho meninos! Disse a Professora para Plínio e Joshua. Eles fizeram umas demonstrações de símbolos, e desenhos de DNA/ RNA no computador, enquanto misturavam algumas substâncias numa proveta. Olhei para os dois com vontade de estrangulá-los.

Em seguida, a professora me chamou:

-Zackarie Miller.

-Presente!

-Seu trabalho, por favor.

-Professora, eu... Eu... Não.

-O que, Sr. Miller, onde está seu trabalho?

-Eu não...

Antes que pudesse terminar a frase fui interrompido:

-Aqui está professora! Ele fez comigo.

-Que bom Srtª. Tompsom, agora venham apresentar o trabalho.

Levantei da cadeira, perplexo. Elisa Tompsom era linda, sempre fui apaixonado por ela, mas nunca tive coragem de me declarar. Ela tinha Cabelos longos, loiros, andava sempre bem arrumada, era vaidosa, educada, tinha um jeito doce de falar, sua voz era música para meus ouvidos.

-Ei Zack, vamos! Disse Elisa, quase que me acordando de um transe.

Enquanto Elisa apresentava o trabalho, eu apenas passava os slides, e lia algumas coisas quando ela sinalizava. Terminamos, e fomos elogiados pela professora.

Quando todos da turma se apresentaram, a Professora Isabel chamou a atenção para uma surpresa.

-Pessoal, primeiramente eu gostaria de parabenizar a todos. Para finalizar as apresentações de hoje, eu convidei o Dr. Thomas Lynder, que é um cientista mundialmente conhecido, ele é especialista em Mutação genética, e vai fazer algumas demonstrações para nós lá fora. Vamos, ele já está nos aguardando.

Quando a professora terminou de falar achei que Plínio fosse ter um ataque, ele ficou tão entusiasmado que fiquei pensando se ele tinha ganhado uma bolada na loteria, ou algo do tipo.

-Cara! O Dr. Lynder está entre os 5 maiores cientistas contemporâneos do mundo, e está aqui, no colégio!

-Grande coisa. Disse Joshua. – Eu quero é ir pra casa.

Arrumamos nossos materiais e fomos para o pátio.

***

Chegando ao pátio, encontramos o Dr. Lynder. Ele estava terminando de arrumar alguns acessórios. Quando nos viu chegando, deu uma ajeitada em seu jaleco, mexeu em seus óculos, e nos cumprimentou. Ele era um senhor, tinha cabelos brancos, aparentava ter uns 65 anos. Se eu o encontrasse na rua, sentiria vontade de ajudá-lo a atravessá-la.

-Crianças, silencio! Este é o Dr. Thomas Lynder, e a partir de agora é por conta dele. A professora Isabel começou a aplaudir, e todos fizeram a mesma coisa.

-Obrigado Professora, obrigado a todos. Agradeceu o doutor. Enquanto começava a se apresentar, o Dr. Lynder começou a tirar alguns panos que cobriam gaiolas, caixas, e outras coisas mais. Por baixo desses panos haviam ratos, plantas, velas, água, e uma grande quantidade de um líquido roxo, que eu não sabia o que era. Tinham muitas coisas ali.

-Bom, meus pequenos. Iniciou o Dr. Lynder.- Mutações podem ser causadas por erros de cópia do material durante a divisão celular, por exposição a radiação ultravioleta ou ionizante, mutagênicos químicos, ou vírus. Estes vasos com líquidos que vocês estão vendo, fazem parte de uma pesquisa que venho me dedicando a anos, e que ainda está em fase de testes. Com a ajuda de minha própria pessoa consegui unir alguns elementos necessários para realizar mutações, com o objetivo de ajudar a medicina a avançar, de ajudar o ser humano a curar-se de doenças como Câncer e AIDS sozinhos, com o próprio organismo.

Nesse momento, Plínio começou a aplaudir sozinho. Todos olharam, e ele meio sem graça, e sem se importar muito, parou. O doutor continuou:

-A célula pode também causar mutações deliberadamente durante processos conhecidos como hipermutação. Em organismos multicelulares, as mutações podem ser divididas entre mutação de linhagem germinativa, que pode ser passada aos descendentes, e mutações somáticas, que não são transmitidas aos descendentes animais.

Eu já não escutava mais nada, para mim, ele falava grego. Ao meu lado estava Elisa, eu ainda estava perplexo com o que ela havia feito mais cedo:

-Ei, Elisa. Sussurrei.

-Shii! O que você quer?

-Porque você fez aquilo mais cedo?

-Apenas fiz um favor, estava com pena de você. Preste atenção!

Enquanto isso o Dr. Lynder acendia algumas velas, para esquentar um dos seus potes de líquido roxo, e explicava um monte de coisa que eu não entendia, ao mesmo tempo.

-Vou precisar de alguns voluntários. Disse o Dr.

Plínio, e mais uma dúzia de alunos prontificaram-se a ajudar. O Dr. Thomas Lynder disse que queria apenas 5, ele começou a escolher alguns dos que se voluntariaram, e foi dando uma vela acesa, e um tubo de erlenmeyer com líquido roxo para cada um. Na hora de escolher o 5º voluntário foi horrível. Ele apontou para um local onde três colegas queriam participar. Plínio e mais dois correram desesperadamente na direção do Dr Lynder, que assustado tentou se proteger. Não adiantou os três colidiram com o Doutor, que por sua vez colidiu com os outros voluntários.

A professora Isabel tentou ajudar, a bancada do Dr Thomas Lynder começou a pegar fogo muito rapidamente por causa de duas velas que caíram sobre ela, o fogo estava se aproximando das futuras experiências de Lynder.

-Dr. Você está bem? Perguntou a professora.

-Sim. Tirem todos daqui. Não sei quais serão os danos se essas substâncias tiverem contato direto com seus alunos.

-Crianças, saiam daqui! Gritou a professora.

Eu corri na direção de Plínio, ele estava com líquido roxo espalhado na camisa. Quando me aproximei dele, não houve tempo de fazer nada. O fogo atingiu os elementos químicos do Doutor, e causou uma grande explosão.

 ***

Eu estava diferente, não sabia o que estava acontecendo, eu estava imóvel, duro, frio, muito frio. Alguns colegas me olhavam chorando, outros corriam. A professora Isabel segurava minhas mãos, e apoiava minha cabeça.

-A ambulância está chegando professora! Gritou Joshua de Longe.

Choramingando, e incrédula a professora disse:

Agora não adianta, ele está morto.

Continua...