terça-feira, 4 de setembro de 2012

Adaptation: Capítulo 3

Eu não podia acreditar no que estava acontecendo, há alguns minutos eu estava parecendo um freezer, agora eu conversava com um amigo invisível.
-Zack, eu não sei o que fazer. Será que vou ficar assim pra sempre?
Eu não sabia pra onde olhar, por isso tentei tocar seus ombros pra ter uma referência, e para acreditar naquilo, claro. Assim que o apalpei, falei:
- Tenha calma, Plínio. Vamos pro meu quarto. Venha comigo, segure na ponta da minha camisa para que eu saiba onde você está.
Plínio não disse nada, apenas senti sua mão segurando minha camisa. Ao entrar em casa deparei-me com minha mãe.
-Ei, rapazinho. O suco está pronto, venha beber.
-Agora não mãe, depois eu bebo.
Nesse momento Nestor começou a latir desesperadamente para Plínio.
-Nestor! Para com isso! Ande, já pra fora! Repreendi o cachorro.
O que houve com esse cachorro? Perguntou minha mãe.
-Sei lá, ele deve estar querendo brincar. Respondi de imediato.
Nesse momento subi as escadas correndo, com Plínio atrás de mim, segurando minha camisa. Chegando ao quarto Plínio desabou em minha cama, pude ver o forro se movendo.
-Plínio, porque você não apareceu para seus pais? Perguntei.
-Isso não é hora pra fazer piada Zack! Plínio respondeu nervoso.
-Desculpe, não foi a minha intenção. Não pude segurar o riso.
Respirei um pouco e resolvi começar de novo:
-Cara, a polícia está te procurando, seus pais devem estar muito preocupados. Ninguém sabe onde você está.
-Zack, eu acordei instantes atrás. Quando me dei conta, já estava assim.
- Como assim, você acordou a instantes atrás? Onde você estava?
-Eu estava estirado no chão, a poucos quarteirões do pátio do colégio.
Eu estava apreensivo. Eu já tinha os meus próprios problemas, e agora isso.
-Ok. Vamos deixar esse assunto de lado, momentaneamente. Diga-me uma coisa, como você está se sentindo?
-Eu estou nervoso Zack! Como você acha que deveria estar me sentindo? Disse ele num estado histérico.
-Calma cara! Eu também passei por algo parecido! Você tem que ficar calmo! Gritei com ele, demonstrando todo o meu nervosismo.
Nesse momento acho que Plínio ficou sem reação, pois eu não conseguia sequer ouvir a sua respiração, que a aquela altura era muito forte.
-Desculpe Zack, você não tem culpa. Disse Plínio, agora com um tom de voz ameno.
-Não cara, eu é que tenho que me desculpar. Mas, escuta... Tudo o que você tem que fazer é se concentrar. Respire fundo, imagine que você está normal. Relaxe.
Eu pude ouvir a movimentação do meu amigo, ele sentou-se na cama. Ficamos em silêncio por uns dez minutos, quando de repente minha mãe chegou próximo ao meu quarto.
-Zackarie, o que você está fazendo?
-Eu não...
Antes que eu pudesse terminar de responder minha mãe entrou no quarto, eu não havia trancado a porta.
-Mas... O que você está fazendo aqui, Plínio? Minha mãe perguntou espantada.
***
-Sra. Suzan. A Senhora está me vendo? Plínio perguntou com um sorriso no rosto.
-Mas é claro que sim. Que pergunta estúpida é essa, garoto? Seus pais estão loucos atrás de você. Vou ligar pra eles agora mesmo.
Olhei para Plínio, e lá estava ele com a mesma roupa do dia da aula de biologia. Sujo, e com uma leve mancha roxa na camisa. Ele respondeu para minha mãe:
-Certo Sra. Suzan. Diga aos meus pais que estou aqui.
Minha mãe saiu resmungando algumas coisas, levantando as mãos pra cima e agradecendo. Ela não ia à igreja, mas era uma pessoa que tinha muita fé.
-Plínio, o que você vai dizer aos seus pais. Você não pode dizer a verdade.
-Não sei Zack. Eu vou simplesmente deixar rolar.
***
Cerca de 30 minutos depois os pais de Plínio chegaram. O Sr. Peter Custer era médico, branco, baixo, cabelo de concha. Na verdade ele assemelhava-se muito ao Plínio. A Sra. Gina Custer era uma mulher séria, usava óculos, tinha uma pinta um pouco acima dos lábios, era uma mulher elegante.
-Meu filho! Onde você esteve? A Sra. Gina não podia segurar o choro.
Plínio e seus pais ficaram abraçados durante alguns minutos, todos choravam. Eu estava ao lado dos meus pais, que assistiam a cena e pareciam colocar-se no lugar deles, pois de vez em quando colocavam suas mãos nos meus braços, e apertavam levemente.
Depois de algum tempo, o Sr. Peter agradeceu aos meus pais, e disse que iriam levar Plínio a um hospital:
-Obrigado Robert, Suzan. Não temos como agradecer. O que vocês fizeram não tem preço.
-Deixa disso Peter, não fizemos nada. Qualquer pessoa faria a mesma coisa. Meu pai respondeu.
-De qualquer forma, estamos em dívida com vocês. Vamos sair pra jantar qualquer dia desses, por minha conta. Retrucou o Sr Peter.
-Se você insiste...
Plínio e seus pais entraram no Sedan preto e foram embora.
***

Já haviam passado sete dias depois do acontecimento no colégio, acordei um pouco atrasado para a primeira aula de biologia pós-explosão. Eu já estava me acostumando a acordar com a ponta dos dedos congelados, de vez em quando eu até molhava a cama, isso estava me deixando frustrado. Quando desci para tomar café meu pai estava sentado à mesa, ouvindo o noticiário na rádio. Ele seguia este ritual todas as manhãs.
-Ontem coisas estranhas aconteceram na Cidade de Lumus. Algumas lojas pegaram fogo no meio da noite, e três pessoas foram encontradas mortas, junto à praça central, com vários arranhões pelo corpo, uma delas teve o braço decepado.
-Essa cidade está de pernas pro ar. Disse meu pai.
Eu peguei uma maçã, tomei um gole de suco de laranja, e saí correndo para não me atrasar ainda mais para a aula.
Assim que cheguei à sala de aula esbarrei em Elisabeth Tompson. Ela é a irmã mais velha de Elisa. No máximo dois minutos mais velha. Elas são gêmeas. Fisicamente são muito parecidas, mas suas personalidades são totalmente diferentes. Elisabeth tem cabelos negros, essa é a maior diferença física das duas, talvez a única para os mais distraídos.
-Olha por onde anda, garoto!
-Desculpe Elisabeth, não vi você.
-Droga! O que você está esperando? Eu quero passar.
-Desculpe. Cheguei um pouco pro lado e dei passagem para ela.
Um pouco mais a frente estavam Plínio, Joshua, e Alice, uma colega nossa que adorava praticar esportes. Tênis de mesa era seu jogo favorito. Ela era descendente de japoneses, eu suponho. Ela tem olhos puxados, cabelo curto, escorrido, tem todas as características dos orientais.
-Que entrada triunfal. Disse Joshua, irônico.
-É. Eu gosto dessas coisas. Respondi.
-Bom dia, Zackarie! Alice me cumprimentou.
-Bom dia, Alice! Bom dia, sumido! Brinquei com Plínio.
-Que engraçado! Plínio respondeu sem dar muita atenção.
- Ei, pessoal. Onde está a professora Isabel? Numa hora dessa eu deveria estar tomando uma bronca por chegar atrasado.
-Ela ainda não chegou. Acho que não vem hoje. Disse Alice.
-É estranho. A professora Isabel nunca chega atrasada, muito menos falta. Plínio falou coçando a cabeça.
Joshua estava com uma rosa azul na mão, ele estava tirando todas as pétalas da flor. Quando retirou a última pétala começou a arrumar suas coisas. Nesse momento o diretor do Colégio apareceu na sala de aula.
-Atenção! Disse ele, enfático.
O diretor era um homem alto, magro, tinha uma voz grave. Todos o conheciam como Sr. Willians.
-A professora Isabel não avisou a direção sobre qualquer coisa, por isso, não temos o que fazer com vocês. Vocês estão liberados para voltar pra casa. De antemão, aviso que na semana que vem vocês terão um novo professor de biologia, por causa dos recentes acontecimentos aqui na escola. Estão todos liberados.
Assim que o diretor saiu houve um grande reboliço, todos os alunos manifestavam-se de alguma forma. Alguns comemoravam o dia sem aula, outros reclamavam pelo fato de que teríamos um novo professor, outros simplesmente não esboçavam nenhum tipo de sentimento, esse foi o caso de Sammy, ele estava entretido com uma moeda, que corria entre os seus dedos. Joshua pegou sua mochila, e foi saindo.
-Galera, até a próxima. Disse Joshua num tom de despedida.
-Aparece lá em casa mais tarde Josh. Eu e Zack estaremos esperando. Disse Plínio.
-Estaremos? Perguntei.
- Você tem alguma coisa importante pra fazer?
-Não, tudo bem. Eu estarei lá. Respondi
-Valeu, mais tarde dou uma passada lá. Joshua respondeu andando.
Eu e Plínio nos despedimos de Alice, e depois de Elisa com um aceno, ela estava do outro lado da sala, e provavelmente iria pra casa com seu namorado. Fomos andando, Plínio e eu sempre íamos embora juntos, até metade do caminho, quando nossas direções tornavam-se opostas.
-O que será que aconteceu com a professora? Eu não queria que ela fosse mandada embora. Falei com sinceridade.
-Eu não sei, é muito estranho ela não ter aparecido. Ela nem avisou. Gosto muito dela, espero que o diretor não tenha dito a verdade.
Já estávamos a alguns metros do colégio quando Plínio me chamou a atenção.
-Zack, olhe!
- O que foi?
-Tem alguma coisa naquele beco.
Nós estávamos em frente a um beco sem saída, que tinha uma grande lata de lixo, e uma pequena árvore ao fundo, plantada entre o cimento.
-Deve ser algum cachorro, ou coisa do tipo.
Nós já tínhamos passado do beco quando Plínio resolveu dar uma última olhadinha. Ele colocou a cabeça no canto da parede do beco.
-Zack, aquilo não é um cachorro!
Eu resolvi voltar e dar uma olhada também.
-Onde? Não tem nada ali Plínio.
-Estava ali agora mesmo, eu juro. Disse Plínio, inconformado.
-Venha, vou te mostrar. Deve ser só um vira-lata.
Entramos no beco em passos lentos, Plínio olhou pra mim com certa apreensão. Eu não entendia o porquê, e estava achando aquele momento meio ridículo. Chegamos próximos a lata de lixo.
-Está vendo Plínio, não tem nada aqui. Falei tentando empurrar a lata de lixo com os pés.
Plínio olhou para mim, e ficou imóvel.
-O que foi Plínio? Parece que viu um fantasma, não tem nada aqui, cara. Vamos embora.
Plínio estava começando a me assustar, de repente ele começou a desaparecer, ele estava ficando invisível.
-Plínio, o que é isso cara?
-Zack, atrás de você!
Quando olhei para trás foi como se eu estivesse num pesadelo. Abaixado junto aos meus pés estava um ser estranho, era um monstro. Tinha as unhas gigantes, roupa rasgada. Tinha o corpo coberto de sangue, dentes pontiagudos, grandes, afiados. O monstro estava estraçalhando um braço humano. O monstro era uma fêmea na verdade. Usava roupas femininas, tinha cabelos pretos, estavam totalmente bagunçados, mas dava pra perceber que era uma mulher.
-Meu Deus, o que é isso? Perguntei assombrado.
Tentamos nos afastar, mas assim que demos o primeiro passo para trás o monstro pulou por cima de nós e nos cercou.
-Zack, olhe! Plínio falou com metade do corpo invisível.
-O quê? Eu não estava com cabeça pra prestar atenção em nada. Ao contrário de Plínio, que prestava atenção em tudo, em todos os momentos.
-Você não está reconhecendo? Perguntou ele, com a voz trêmula.
- Reconhecendo o quê, Plínio? Pelo amor de Deus!
-O monstro Zack, o monstro! É a professora Isabel!

Continua...



12 comentários:

Gustavo Moreira disse...

"Eita porra!"

Foi a primeira coisa que veio em minha cabeça ao terminar de ler... rsrss...

Muito bom cara...
Aguardo as próximas cenas...

Diego disse...

Nossa Plínio é um cagão. kkkkkkkkkkk
Gostei posta logo o próximo. xD

Saulo disse...

"Eita porra!" [2]

Muito bom cara, com certeza é muito melhor do que certas coisas que circulam por aí. Isso tem futuro!
Vou indicar pra quem eu puder. Pena que agora só semana que vem. rrsrsr

Abç

Deborah Miranda disse...

:O Surpreendente! é o que eu tenho a dizer!! Será que ela vai "almoçar" os meninos??rs
Muito bom!

Unknown disse...

VISHH "Eta porra" ³

Porque logo a professora foi virar monstro? Será que as mutações tem algo a ver com a personalidade da pessoa?

Aguardemos os próximos capítulos...

Roquinaldo Junior disse...

Legal, cuiroso pra saber os rumos da história.

Jefferson disse...

Tá ficando cada vez melhor, curioso para o próximo capítulo

Anônimo disse...

A professora??????????

Que mania de parar nessas partes que que deixa a gente curioso.rsrsrsrsrsrsrsrs

Anônimo disse...

poha... desconfiava da professora...
ta muito massa...
ansioso para prox terça!

Valverde disse...

Muito bom, Juninho. Já disse e repito, isso dava história em quadrinhos. Aguardo a continuação.

Edimilton Santos disse...

Vlw ai galera!! Obrigado pelos elogios=D
Vai saber hein Poli..hahaha. Pode ser que sim, pode ser que não.

quando essa greve acabar a gente conversa Val. ;)

Continuem acompanhando. Terça tem mais um capítulo.

Abçs.

Aline Sampaio disse...

Assim não vou estar viva para ver os próximos capítulos, kkkk. É muita curiosidade.