Adaptation: Capítulo 9

O homem gordo ficou desacordado depois do fantástico golpe que Elisabeth lhe aplicou. Os outros homens ficaram assustados, e juntaram-se num lado da lanchonete com a intenção de nos amedrontar, por conta do número. Agora eles eram três.

-Como foi que você fez isso, garota? Perguntou um dos homens.

-É melhor vocês ficarem quietos, ou teremos que fazer as coisas da maneira difícil. Disse outro.

- Fiquem quietos, seus vermes! Disse Elisabeth. Digam o que vocês fizeram com nossos amigos, e pensarei em não espancá-los até a morte.

Cheguei mais perto de Elisabeth. Não sei se estava mais assustado com ela ou com os sugadores de energia.

-Ora, não seja insolente menina. Vamos sugar sua energia até que você não aguente ficar de pé.

Os homens começaram a se aproximar de nós, eles pareciam estar possuídos. Enquanto andavam pude perceber que suas mãos possuíam algo estranho, eram pequenos buracos, como se os poros fossem bruscamente maiores.

-Zack, cuidado! Alertou Elisabeth.

O frentista deu um salto na minha direção com os braços esticados, consegui esquivar por pouco.

-Elisabeth, não deixe que eles encostem as mãos em você. É assim que eles sugam energia.

- Que novidade hein Zackarie! Fique atento!

Os homens iam andando com a intenção de nos encurralar. Elisabeth virou-se para arrancar outro banco, quando foi surpreendida. Um dos funcionários conseguiu agarrá-la por trás, num movimento rápido. Assim que ele a segurou, Elisabeth gritou. Consegui acertar um soco nas costas do homem, mas assim que tentei dar mais um golpe, o seu parceiro veio, e tentou me prender. Rapidamente me esquivei. O outro funcionário aproximou-se de Elisabeth, e começou a sugar sua energia.

-Elisabeth, use sua força! Falei desesperado.

-Acha que não estou tentando? Disse ela com a voz trêmula.

-Venha rapazinho. Todos os seus amigos estão sob controle. Chegou a sua vez! HA HA HA HA HA.

Cerrei os punhos e me concentrei, comecei a sentir um enorme frio na barriga. O ar começou a ficar gelado.

-O que é isso? Que frio repentino é esse?

Comecei a andar na direção dos homens, o ambiente ficava cada vez mais frio, e uma forte neblina tomou conta da lanchonete. Em alguns segundos, não dava pra enxergar absolutamente nada. E a temperatura era muito baixa.

-O que é isso? Eu estou com muito frio! Disse um dos homens que segurava Elisabeth.

Cheguei até os dois homens que seguravam Elisabeth, assim que tentei fazer um movimento o frentista tentou me surpreender. Ele virou meu corpo, e de frente, agarrou meu pescoço.

-Mas... Você... O que está acontecendo? Seu corpo está frio, duro. É como se estivesse coberto de gelo!

Para a surpresa dele, sua absorção de energia não funcionou. Enquanto ele agarrava meu pescoço segurei seu braço com minhas duas mãos, e vagarosamente o retirei dali.

-Meu braço!!!

Comecei a congelar o braço do frentista, uma grossa camada de gelo deixou seu membro completamente comprometido. O braço do homem ficou coberto de gelo, da ponta dos dedos até os ombros.

-AAAAAHHH! Maldito! Você congelou meu braço! AAAAAAAHHH!

-O que está havendo? O que é essa neblina? Pare com isso garoto, ou matarei essa menina agora mesmo. Disse um dos homens que segurava Elisabeth.

Dei um soco no frentista, e congelei seus pés no chão, deixando apenas o seu braço esquerdo livre.

-Escutem. É a última chance de vocês. Saiam daqui, deixem meus amigos. Tenho certeza de que vocês não vão querer ser tocados por mim. Falei.

-Insolente!

Criei luvas de gelo em minhas mãos e fui pra cima dos homens. Acertei um soco na cabeça de um, que foi pego completamente desprevenido por causa da neblina, e cambaleou para o lado, soltando Elisabeth. O outro ao perceber que estava sendo atacado também a soltou.

Abaixe, e segurei a cabeça de Elisabeth.

-Elisabeth, você está bem?

-Estou bem, Zackarie. Apenas acabe com eles.

O funcionário que levou o soco tentava se recuperar, mas não permiti. Fui a sua direção e dei uma sequência de socos em sua face. O homem caiu. A neblina começou a sumir, mas a temperatura ainda era muito baixa. Só faltava um adversário.

-Parece que você é bem forte rapaz. Conseguiu adaptar-se bem, não é mesmo?

- Do que você está falando?

-HA HA HA HA HA. Quanta ingenuidade! Garoto una-se a mim. Juntos, poderemos conseguir muito dinheiro. Com nossos poderes conseguiremos saquear bancos, ficaremos milionários.

-Pare de falar besteira! O que você quis dizer com “adaptar-se bem”?

-Ah, isso? Muitos não conseguem. Alguns se transformam em aberrações, outros ficam fracos como estes aqui.

O homem aproximou-se do gordo que ainda estava desacordado e quebrou seu pescoço.

-O que você está fazendo? Acabou de matar seu companheiro!

O funcionário continuou andando, e chegou até o frentista que estava congelado.

-Que belo trabalho você fez aqui. Disse o homem, segurando o pescoço do frentista.

-Não, por favor. Não me ma...

-Você é um monstro! Falei.

-Pare com isso. Você queria fazer o mesmo. Ele retrucou.

Quando o funcionário da lanchonete foi na direção do seu outro companheiro, tomei a frente.

- Não permitirei que você o mate dessa forma.

-Ora garoto. Não seja hipócrita. Você deixou o sujeito quase morto no chão. Saia da frente. Temos que colocar o assunto em dia.

-Quanto a isso você está certo. Diga-me, o que você sabe sobre essas transformações?

- Primeiro, não são transformações. Ou melhor, são, mas apenas para os fracos. Os fortes passam por uma adaptação. Como nós.

-Não entendo.

-Não precisa entender.

O homem movimentou-se rapidamente, e quando percebi, ele estava atrás de mim. A velocidade dele assemelhava-se com a da professora Isabel.

-Una-se a mim, ou morrerá garoto.

Afastei-me dele, e fiquei atento para não ser pego de surpresa novamente. Eu estava começando a me sentir cansado.

-Vamos acabar com isso! Falei.

-Você escolheu. Ele respondeu.

O homem fechou os olhos e de repente, seu corpo ficou coberto de espinhos. Seus dentes ficaram pontiagudos, e suas unhas transformaram-se em garras. Aquilo era familiar.

-Veja que interessante. Seus amigos possuem poderes bem legais.

-O que? O que você quer dizer com isso?

-HA HA HA HA. É isso mesmo garoto. Eu consigo absorver o poder dos meus adversários. Consigo copiar seus poderes, daqueles que são “especiais”, claro. As pessoas normais simplesmente morrem. Enquanto aqueles inúteis caídos precisam de energia apenas para sobreviver, eu consigo utilizar a energia ao meu favor em batalhas.

- Mas então você...

-Eu ainda preciso me adaptar. Preciso descobrir um jeito de absorver esses poderes, e fixar para sempre no meu corpo.

-Então, temporariamente você tem os poderes dos meus amigos, ou seja, daqueles que você absorveu energia?

-Infelizmente, só temporariamente. Mas vou conseguir encontrar uma maneira de adaptar meu corpo, de adaptar meus poderes. HA HA HA HA HA.

O homem veio rápido pra cima de mim, dei uma cambalhota para o lado, e consegui esquivar-me do ataque. Ele mais uma vez investiu, mas dessa vez atirou espinhos do corpo. Consegui enrijecer meu corpo, deixei o gelo tomar conta de mim, e fiz com que a neblina reaparecesse.

-Boa tentativa, garoto. Mas parece que sua tia ali tem um olfato muito apurado. Não adianta tentar se esconder.

O homem apareceu bem a minha frente, e me golpeou com uma força sobre-humana, caí sentado. Dessa vez ele estava usando os poderes de Elisabeth. Se eu não estivesse com o corpo protegido pelo gelo, provavelmente eu estaria estatelado no chão. Levantei-me rapidamente, eu não sabia como poderia atacá-lo. Decidi ir para o tudo ou nada, corri em sua direção com minhas luvas de gelo, e quando fui golpeá-lo ele simplesmente desapareceu. Pronto, eu estava perdido.

-Não adianta moleque, agora que tenho os poderes de seus amigos você não pode fazer nada.

Ele apareceu atrás de mim e enfiou suas garras em minhas costas.

-AAAAAAAAHH!

-É o seu fim garoto. Você teve a sua chance.

Comecei a ter lembranças dos meus pais, dos meus amigos, que estavam impossibilitados de se defender. Pensei em todas as coisas que ainda pensava em fazer. Pensei que não podia morrer ali, daquele jeito. Será que esses seriam meus últimos pensamentos? Será que essa era a sensação que as pessoas tinham antes de morrer?

Respirei fundo, reuni todas as forças que ainda me restavam, e movimentei meu corpo para frente, retirando as garras do meu adversário das minhas costas. Quando fiz o movimento ele tentou me acertar com o outro braço, mas passou no vácuo, pois consegui me abaixar a tempo. As garras do homem ficaram congelas, e quando ele tentou movimentar as mãos elas racharam e caíram no chão.

-Você conseguiu congelar as garras que estavam dentro de você.

Criei minhas luvas de gelo novamente, o homem ficou invisível. Golpeei bem a minha frente. Acertei seu rosto.

- Meus pés! Você congelou meus pés!

Continuei golpeando o homem que estava invisível. De repente, ele conseguiu livrar um dos pés, e me acertou um chute. Fui cambaleando até o balcão e caí em cima de Plínio. O homem conseguiu livrar o outro pé, já estava visível, veio em minha direção. Ele babava de raiva. Eu não tinha mais forças. Quando achei que nada poderia me ajudar, uma barra de ferro atravessou a perna esquerda do meu adversário. Era Elisabeth, ajoelhada atrás daquele homem.

-AAAAAAAH! Minha Perna!

-Você ainda não acabou comigo, imbecil. Disse Elisabeth

Plínio, que estava embaixo de mim, começou a se mexer, a professora também parecia estar acordando.

-Desgraçada! Você...

Ao perceber que meus amigos estavam acordando, o homem quebrou a porta de entrada que estava trancada e saiu, ficando invisível.

- Ainda nos veremos moleques. Falou.

Continua...