Adaptation: Capítulo 16

-Como é que pode? Falei espantado.

-O quê? Saia já daí Zack! Disse Joshua.

-Ele está vindo! Alertou Elisabeth.

-Uma foto. Alex beijando a professora Isabel. Falei.

-Beijando quem? Perguntou Elisabeth.

Fechei todas as coisas que estavam abertas no notebook, quando estava fechando o computador Alex apareceu.

-O que estão fazendo com o meu computador?

-Nós não... Elisabeth tentou explicar.

-Qual a sua relação com Isabel? Perguntei rispidamente.

-Então quer dizer que vocês andaram fuçando minhas coisas. Ele deu seu sorriso de canto característico. -Pois bem, eu iria contar essa história pra vocês em outro momento, mas se preferem saber logo...

***

-Isabel e eu temos uma longa história juntos. Iniciou Alex. –Nos conhecemos em Pantania, há 8 anos atrás, onde estava ocorrendo um congresso regional de Ciências biológicas. Ela dava aulas numa escola da cidade, e eu estava começando a trabalhar com o Dr. Thomas Lynder. Nós nos envolvemos, começamos a namorar, e nos casamos dois anos depois. Ela começou a frequentar o laboratório de Lynder, tínhamos uma boa amizade com ele. Fizemos alguns trabalhos juntos. Isabel conseguia mostrar experiências para seus alunos, e ainda realizava pesquisas com os recursos do laboratório. Lynder pedia para ela abandonar a escola e juntar-se a equipe para se dedicar exclusivamente à ciência, mas Isabel sempre gostou de ensinar. Lynder e sua equipe já estavam se dedicando ao chamado Projeto Imune, que visava tornar o corpo humano mais forte e resistente.

-Projeto Imune? Perguntou Joshua.

-Sim. Esse é o nome da principal pesquisa do Dr. Lynder. É por causa desse projeto que tudo começou. Neste mesmo período eu descobri que tinha um grave tumor no cérebro, um tumor que não tinha cura. Fiquei desesperado. Isabel e eu trabalhamos duro no projeto, rezando para conseguir as fórmulas exatas para que eu pudesse ser salvo.

Já trabalhávamos neste projeto a quase dois anos, eu já não era tão hábil quanto antes, tinha perdido alguns movimentos. No laboratório eu só tinha uma utilidade, ser cobaia. Sempre que tínhamos algum resultado positivo com animais, usávamos os mesmos métodos em mim. Um dia, os testes com roedores causaram espanto. Alguns ratos ficaram um pouco maiores, alguns vírus não os contaminavam mais, outros simplesmente se transformavam em pequenos monstros, e morriam minutos depois. Ainda percebemos que alguns ratos transmitiam vírus através de contato direto ou indireto para outros ratos que não haviam tomado injeção. Depois de mais alguns testes, Lynder resolveu fazer uma turnê e arrecadar fundos para suas pesquisas. Ele passou por várias empresas, mas nenhuma aderiu a ideia, o chamavam de louco futurista. Lynder resolveu mostrar suas experiências para o público e as levou em uma Feira Nacional de Ciências. Assim que o governo soube de tais experiências mandou acabar com todas as pesquisas do Dr. Ele ficou furioso. Mesmo com os testes não sendo recomendáveis, aceitei receber a injeção, pois depois da destruição dos materiais de pesquisa, essa poderia ser minha última chance, além do mais, eu já havia aceitado outras vezes e ainda estava vivo.

-Então você tomou a injeção por conta própria. Falei.

-Sim. Alex respondeu com a voz mais suave. –Lynder e Isabel aplicaram a injeção em mim. No início todos ficaram alegres, mas alguns minutos depois meu corpo passou por algumas transformações, e senti muita dor. Fiquei agressivo. Lynder e Isabel não conseguiram me controlar. O Dr. Correu, enquanto Isabel tentava me acalmar sozinha. Fiquei completamente fora de mim, mordi e arranhei Isabel. Foi aí que ela contraiu o vírus, e num processo um pouco mais lento, transformou-se em mutante.

***

-Você transmitiu o vírus para a professora? Perguntou Elisabeth.

-Sim. Infelizmente sim. Respondeu Alex

Parecia que estávamos sentados numa roda de acampamento ouvindo uma história de terror.

-Mas... Você está bem hoje. Quer dizer... Não está normal, mas está bem. Falei.

-Sim, é verdade. Não tenho mais tumor. Tenho poderes, mas não tenho Isabel.

-Porque ela continua trabalhando com o Dr Lynder? Perguntou Joshua.

- Não sei dizer exatamente o que ele fez com ela. De alguma forma ele consegue manipulá-la. Assim como faz com outros. Isabel passou por maus bocados depois que adquiriu o vírus. Ela procurou Lynder, e depois de alguns dias me abandonou. Ela já não era a mesma pessoa.

-Isso é muito estranho. Falei.

-Desde então, estou investigando Lynder, e sei que ele está pensando em fazer algo muito maior. Preciso salvar Isabel. Disse Alex convicto.

-Ela é uma traidora! Disse Joshua.

-Ela não é a culpada disso tudo. Lynder é. Afirmou Alex

Não sabíamos exatamente o que pensar. Isabel havia nos enganado diversas vezes, e agora esse cara estava querendo ajudá-la. Mas, nada mais justo pra ele. Alex era um dos culpados. Por causa dele Isabel estava contaminada.

-Eu te entendo, Alex. Disse Elisabeth, num tom mais baixo do que ela costumava utilizar. –Sei que ela era, ou é a mulher que você ama, mas ela nos fez muito mal. Se você não tivesse chegado, não sabemos o que poderia estar acontecendo conosco nesse momento.

-Perdemos nosso amigo! Completou Joshua.

-Garotos, vocês estão se precipitando. Interrompeu Alex. –Eu não falei que vocês deveriam me ajudar a salvar Isabel. Tudo o que eu quero é preparar vocês para não cair nas mãos de Lynder. Vocês precisam ter controle sob o poder que possuem. Vocês podem se focar apenas em salvar o amigo de vocês. Eu cuido de Isabel.

Nos entreolhamos. Assentimos.

-Pensem um pouco. Vocês devem descansar.

Nos levantamos e saímos da sala.

***

Joshua e Elisabeth foram para o quarto enquanto fui para o quintal, fiquei sentado na beira da piscina. Eu não conseguia parar de pensar em Plínio. Aquela cena estava nítida na minha cabeça. Meu amigo sendo carregado por aquele desgraçado, e eu sem poder fazer absolutamente nada, impotente.

-Sem sono de novo? Disse Elisabeth, que chegou de surpresa.

-Dormi a tarde toda. E você, o que faz aqui?

-Nada, só queria ficar com você.

Elisabeth sentou-se ao meu lado e fiquei completamente paralisado.

-Ficar... Ah, Joshua já deve ter pegado no sono.

-Conseguiu falar com sua mãe? Ela perguntou.

-Sim, ela acha que sou um ótimo aluno, nem imagina que estou suspenso do colégio, e muito menos que não estou numa viagem de estudos.

Elisabeth riu. Eu pegava um pouco d’água e congelava nas mãos.

-Você é uma pessoa interessante, Zackarie.

-Hum? Porque está dizendo isso?

-Mesmo sabendo que não tem forças o suficiente, quer proteger todo mundo.

-Eu...

-Já o vi fazendo isso algumas vezes. Defendeu minha irmã, nos defendeu na luta da lanchonete, depois tentou nos defender aqui em Oriente...

-Você é que é muito corajosa Elisabeth. Eu gostaria de ser como você.

-Pra você ser igual a mim vai ter que aprender a escutar.

-Escutar?

-Eu disse que vim aqui para ficar com você... Parece que você não me escutou.

Elisabeth se aproximou, senti meu corpo arrepiar. Seus olhos estavam na direção dos meus. Eu podia sentir o cheiro doce que ela exalava. Seus lábios tocaram os meus. Nos beijamos.

-Aprenda a escutar, mocinho.

***

Na manhã seguinte fomos acordados por Alex.

-Já está na hora garotos. Levantem!

-Ainda é 07h00min Alex. Joshua reclamou.

-Vocês devem levantar. Iniciaremos alguns treinamentos, mas vocês devem voltar para Lumus. Pelo que sei, vocês ainda tem uma família lá.

-Você ficou maluco? Resmungou Joshua. –Não podemos voltar pra casa sem o P. O que diremos  aos pais dele?

Continua...