Já estávamos na estrada há
aproximadamente três horas. Na minha cabeça, a imagem da minha mãe aparecia
frequentemente. Joshua viajava na frente, enquanto eu e Elisabeth íamos atrás.
Durante a viagem ninguém falou muita coisa, acho que estávamos todos tensos, ou
então meus amigos estavam com medo de me deixar mais nervoso. Cada veículo que
nos ultrapassava, ou que fosse ultrapassado por nós, proporcionava um pequeno
susto. Num determinado momento, ficamos presos atrás de um caminhão que vinha
numa velocidade baixa, provavelmente por causa do peso que transportava. Até
mesmo Alex se mostrava apreensivo.
-Droga! Mas que diabos!
Joshua olhava para trás pela
janela da caminhonete.
-Tem um carro preto atrás de nós.
Disse Joshua.
-Não se preocupe, não é nada.
Respondeu Alex.
Olhei para trás e vi o carro a
que Joshua se referia. Para nossa infelicidade vi algo mais.
-Não é um carro. São dois carros
iguais atrás de nós. Ainda não devemos nos preocupar?
Alex olhou pelo retrovisor
algumas vezes.
-Agora podemos. Disse ele.
-Ultrapassa esse caminhão Alex!
Berrou Elisabeth.
Alex esticou o pescoço para ver a
outra pista e pisou fundo no acelerador. Do outro lado, um caminhão veio dando
sinais de luz e buzinando. O motorista do caminhão que estava a nossa frente
jogou o veículo para o acostamento, e por um triz conseguimos fazer a
ultrapassagem. Alex continuou acelerando, mas quando olhamos para trás os
carros continuavam nos perseguindo.
-Temos que fazer alguma coisa!
Exclamou Elisabeth.
Um dos carros encostou do nosso
lado. Era um homem de terno. Ele fazia sinais para pararmos a caminhonete.
Alex continuou acelerando. Quando
um carro vinha na outra via, os veículos de nossos perseguidores voltavam e iam
para trás de nós.
-São homens do Dr. Lynder. Disse Alex. Já os vi
perto do laboratório.
De repente, os dois carros pretos
encostaram do nosso lado. O primeiro veio pela direita, no acostamento, o
segundo veio pela esquerda.
-Ei! Aquele é o cara que levou
Plínio! Exclamei.
-Ângelo. Completou Joshua.
Estávamos passando por um local complicado.
A nossa direita se aproximava um precipício, e uma espécie de cerca de metal o
separava da pista. Os carros começaram a bater na caminhonete. Joshua retirou
algumas sementes do bolso.
-Mantenha a velocidade, Alex.
Disse Joshua.
- O que você vai fazer?
- Apenas mantenha a velocidade!
Os carros estavam emparelhados.
Do outro lado, um caminhão estava vindo, e começou a buzinar. Ângelo diminuiu a
velocidade para ficar atrás de nós. Nesse momento, Joshua colocou metade do
corpo para fora.
-Acelere um pouco, Alex! Agora!
Joshua arremessou as sementes no para-brisa
do veículo que andava no acostamento. Instantaneamente, uma espécie de
trepadeira brotou, e ficou grudada no vidro do carro, deixando o motorista sem
visibilidade alguma. O carro freou bruscamente. A frente do automóvel preto
chegou a tocar o fundo da nossa caminhonete, fazendo Alex segurar firme o
volante para não perder o controle. O carro do nosso inimigo derrapou e saiu
capotando, indo direto para o precipício. Era um adversário a menos.
-Isso! Comemorou Joshua.
-Valeu, Josh! Falei.
Ângelo ainda estava atrás de nós.
Ele não parecia ter gostado muito do que aconteceu.
-Ainda não acabou. Alertou Alex.
Continuamos em alta
velocidade. Estávamos passando por uma
reta, e logo mais a frente havia uma curva estreita para a esquerda. Ângelo
aproximou-se de novo, mas dessa vez ele estava com a janela do carro aberta.
-Essa não! Exclamou Alex.
Alex tentou diminuir a
velocidade, mas algo parecia tomar o controle da situação.
- O que está havendo Alex?
Perguntou Elisabeth.
- Ele está manipulando o vento
para nos empurrar! Respondeu Alex.
-Pare o carro! Gritei.
- Estou tentando.
Quando chegamos à curva não
tínhamos o que fazer. Ângelo estava com uma das mãos para o lado de fora.
Deixamos todos os vidros da caminhonete fechados. O acidente foi inevitável.
Nossa caminhonete virou de lado e saiu derrapando até chocar-se com uma árvore.
***
-Ai...
-Estão todos bem? Perguntou Alex.
Eu estava meio zonzo. Olhei para o
lado e vi Elisabeth desacordada.
- Elisabeth!
Segurei a cabeça dela, havia um
corte em sua testa que começava a cicatrizar.
-Vamos sair daqui. Disse Joshua.
Segurei Elisabeth, mas estava
muito complicado retirá-la da caminhonete.
-Me ajudem, ela está desacordada.
Joshua conseguiu sair do veículo
e me ajudou a puxá-la para fora.
- Espero que estejam todos bem.
Disse Ângelo ironicamente.
Olhei para ele com vontade de
socá-lo até a morte.
- Seu desgraçado!
- Fique calmo garoto. Não me
force a matá-los aqui mesmo.
Muitos carros começaram a parar.
Os motoristas começaram a se aglomerar para ver o que tinha acontecido.
-Fora daqui seus insignificantes!
Ângelo fez um movimento com os
braços, e arremessou os curiosos para longe. Logo depois, uma gritaria começou,
e os motoristas foram saindo meio estabanados.
Alex soltou um ruído na direção
de Ângelo, nosso adversário nos surpreendeu dando um super salto e ficando
parado no ar.
-Acho que até mesmo o som possui
um limite. Não cairei no mesmo truque ridículo que os meus colegas.
Eu e Joshua afastamos Elisabeth
da caminhonete.
-Vamos ver até quando você
conseguirá fugir! Gritou Alex.
Alex concentrou-se e soltou um
grito agudo. Ângelo balançou, ele fazia muito esforço para se manter no ar.
- Quem disse que eu tenho a
intenção de fugir, seu idiota!
Ângelo fez um movimento com os
braços, como se estivesse batendo asas, e uma enorme rajada de vento foi na
direção de Alex. Ele se jogou para o lado, mas nada adiantou, ele foi atingido
com violência.
- Tenho que acabar com você!
Disse Ângelo, demonstrando calma.
Ângelo rodopiou seu braço
esquerdo, e era possível ver pequenos tornados em volta de seu braço. Nosso
adversário lançou um tornado na direção de Alex que não pôde fazer nada, ele
foi apanhado, e rodando, foi arremessado para longe. Quando nosso amigo estava
prestes a cair, um cipó agarrou sua perna, e Alex ficou pendurado numa árvore
que Joshua controlava.
-Garotos. Não tenho a intenção de
matá-los, mas se não cooperarem ficarei sem escolha.
-Você está perdendo seu tempo,
imbecil. Falou Joshua.
- O que fizeram com Plínio?
Perguntei.
-Quem é esse? Rebateu Ângelo.
- Nosso amigo que você levou no
dia em que chegamos a Oriente. Falei.
- Ha ha ha ha ha. Aquele
imprestável? O Dr. está cuidando dele.
Venham comigo e vocês poderão ver seu amigo novamente.
Ângelo ficou em terra firme, e se
aproximou de nós. Joshua estava com um chicote de espinhos na mão e o lançou na
direção do inimigo. O chicote iria acertar o rosto de Ângelo, mas ele colocou o
braço na frente e o chicote enrolou em seu antebraço.
- É tudo o que pode fazer,
moleque?
Ângelo soltou uma rajada de vento
em Joshua, e movimentou o braço que estava envolto pelo chicote.
Fui pra cima dele com uma luva de
gelo na mão direita, tentei acertá-lo, mas ele era rápido. Assim que ele
desviou do meu golpe, segurei seu braço esquerdo e congelei sua mão.
- Desgraçado! Vocês assinaram a
sentença de morte.
Ângelo me acertou um golpe e fui
arremessado para longe. Joshua ajudou-me a levantar.
- Bom trabalho Zack, sem os
braços ele não conseguirá controlar o vento.
-Isso!
Nosso inimigo andou em nossa
direção com a mão esquerda congelada. Ele tentava descongelar a mão usando
rajadas de vento com a mão direita. De repente, nosso inimigo berrou.
- Aaaah! Mas que diabos! O que é
isso?
Joshua riu.
- Isso é você começando a perder
seus movimentos, babaca.
Olhei surpreso para Joshua.
-Aquele chicote estava
envenenado, e daqui a alguns minutos todo o seu corpo vai estar paralisado
- Seu...
Os olhos de Ângelo irradiavam
ódio.
- Vou acabar com vocês antes de
não poder me mexer.
Ângelo puxou ar com a boca e
soprou. Um vento poderosíssimo nos arrebatou. Joshua conseguiu nos segurar com
algumas raízes que brotaram do chão. O vento era avassalador. A caminhonete que
estava virada começou a ser levada pela ventania.
-Josh! Elisabeth.
-Espera. Temos que resistir até
que o veneno se espalhe.
Ângelo ficou em nossa frente.
-Quebrarei esse gelo na sua cara,
pirralho.
Ângelo me acertou repetidas vezes
com sua mão congelada. O vento havia cessado. Joshua aproveitou a oportunidade
para acertar o inimigo, mas assim que se aproximou foi surpreendido com um
chute. Depois, Ângelo soprou, e Joshua chocou-se com a caminhonete.
-Josh!
As raízes de Joshua me soltaram,
Ângelo tentou me acertar um soco, mas seus movimentos já estavam mais lentos, e
consegui desviar. Surpreendentemente as raízes que Joshua usou para nos segurar
prenderam as pernas de Ângelo. Aproveitei o momento e concentrei toda minha
força para criar um ar gelado. Segurei na cintura do meu adversário e comecei a
congelá-lo. Ele estava com os braços e pernas imobilizados, então começou a
soprar. Congelei minhas mãos na cintura dele, e fiquei grudado com uma rajada
de vento me empurrando. Eu planava com as mãos presas à cintura de Ângelo
enquanto seu corpo ia sendo congelado aos poucos.
Continua...
Ilustração: Patrick A
3 comentários:
Que tenso!
O fim desse capítulo deixou uma curiosidade terrível!!
Que agonia! Congela ele Zack!!!!!
=x
Jesus Maria José!!!
Congela congela!!
Esse negoço ta ficando cada dia mais estranho... Ainda to esperando o MIB.
Acho que já está mais do que na hora das aotoridades saberem de todo acontecido, para que todos saibam que o Dr. Lynder é um cientista louco e perigoso. " Pelo amor de Deus!, que tudo iso venha acontecer já nos próximos capítulos."
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