-Sammy? Mas o que ele está
fazendo aqui?
-E você pergunta pra mim? Droga!
Não pode ser coisa boa.
Sammy sentou-se no fundo do
ônibus, o que eu achei péssimo, pois eu não tinha como vigiá-lo, ou me prevenir
de alguma coisa que ele pudesse fazer. Um de seus colegas sentou-se na poltrona
ao lado, e o outro na poltrona do corredor. Eram seus inseparáveis amigos
Marcus e Cristian.
-Droga!
-Ei, calma cabeça de gelo. Você
nem sabe o que realmente eles estão fazendo aqui. Talvez eles nem tenham nos
visto. Ou talvez eles estejam fazendo qualquer outra coisa.
- Qual a possibilidade deles não
estarem atrás de nós? Primeiro: eles possuem poderes, assim como nós.
Segundo... Nem precisa de segundo.
- Ta vendo, você nem tem
argumentos. Vamos ficar tranquilos. Se eles tentarem alguma coisa, nós
quebramos a cara deles. Elisabeth falou, e me deu um beijo em seguida.
-Se eles tentarem alguma coisa
nós estamos ferrados. Estamos dentro de um ônibus cheio de gente.
-Mas o fato é que não adianta
nada a gente ficar imaginando coisas. Relaxa.
Por mais que Elisabeth falasse,
eu não conseguia relaxar. Não conseguia conceber aquela coincidência. O que
Sammy estava fazendo em Casquilha? De vez em quando eu olhava para trás, e lá
estavam eles, todos quietos, de olhos fechados. Elisabeth me acalmava o tempo
todo. Volta e meia ela passava as mãos em meu rosto, ou fazia cafuné em minha
cabeça. Minha cabeça estava a mil por ora, e eu estava tentando listar as
minhas preocupações. Plínio nas mãos do Dr. Lynder, minha mãe nas mãos de
desconhecidos, Alex e Joshua tentando carona na estrada, e agora o imbecil do
Sammy no mesmo ônibus que eu, tramando sei lá o que. Minha vida estava mesmo
muito fácil. Resolvi ir ao banheiro.
-Aonde você pensa que vai?
Perguntou Elisabeth me segurando.
- Só vou até o banheiro.
-Zack...
-Você quer que eu faça aqui?
-Para com isso, vai logo.
Respondeu Elisabeth com cara de nojo.
Fui até o banheiro e passei por
Sammy e seus amigos, eles continuavam de olhos fechados. Quando voltei, Sammy
segurou minha camisa.
-Ei, babaca. Fica frio. Quer
dizer... Sammy falou com um riso irônico.
-Me solta imbecil. Retruquei
puxando minha camisa.
Olhei fixamente para seus olhos e
voltei para meu lugar.
-Aquele imbecil.
-O que ouve? Perguntou Elisabeth.
-Nada.
***
Já estava começando a escurecer
quando chegamos a Lumus. Senti um grande alívio quando o ônibus começou a parar
na rodoviária. Dei uma última olhada para trás só pra conferir se eu não seria
surpreendido por “algum passageiro”.
-Enfim. Disse Elisabeth.
-Não vamos perder tempo. Temos
que ir até minha casa... Quer dizer, se você quiser vir comigo.
-Não diga bobagens, é claro que
vou com você.
O ônibus parou, e as pessoas
começaram a se levantar para pegar suas bagagens e descer do veículo.
- Ótimo. Assenti.
As pessoas começaram a descer uma
atrás da outra. Elisabeth estava a minha frente e Sammy estava atrás de um
casal que vinha atrás de mim. Assim que desembarcamos, como eu já esperava,
Sammy veio até nós.
- Que surpresa agradável. Disse
Sammy.
-Agradável é uma palavra
inadequada para se usar quando você está presente, Sammy. Respondi.
-Olha pessoal, parece que o Sr.
fôrma de gelo aí ta nervosinho. Sammy disse olhando para seus colegas.
Marcus e Cristian riram.
-Não tenho tempo para suas piadas
ridículas. Falei. –Vamos Elisabeth.
- Não vim falar com você. Quero
falar com minha cunhadinha. Aliás... O que vocês estão fazendo juntos? Não me
digam que... Danadinhos! Sammy fez uma cara sarcástica.
-O que você quer Sammy? Elisabeth
interrompeu o show do palhaço.
- Já que você perguntou, eu
gostaria de te fazer um convite.
-Convite?
-Isso. Não sei se você anda
assistindo televisão, mas as coisas mudaram um pouco por aqui.
- O que você está querendo dizer.
Desembucha!
- Aqui não é o lugar adequado
para falarmos sobre isso, toma. Ligue pra mim até amanhã. Sammy deu um papel
com um número para Elisabeth. – Se quiser pode levar seu amiguinho gelado.
Elisabeth colocou o número no
bolso e foi me empurrando para sairmos.
-É tudo que tem pra me dizer?
Perguntou Elisabeth.
-Acho que sim. Por enquanto.
-A propósito... Você tem visto
minha irmã?
Quando Elisabeth perguntou sobre
Elisa fiquei um pouco desconcertado.
-Claro que sim. Ela não poderia
estar melhor. Respondeu ele.
-Certo. Se você a ver, diga que
já estou na cidade.
-Claro cunhadinha.
Elisabeth e eu saímos correndo da
rodoviária, fomos direto para minha casa. Não foi muito legal, pois não
tínhamos dinheiro nem pra pagar o ônibus. A cidade estava mudada. As ruas estavam
mais bagunçadas em alguns pontos. Policiais estavam por toda a parte, o que não
era bom, pois éramos procurados. Em alguns lugares haviam até postes caídos.
Mas o mais estranho era o silêncio. Lugares que antes eram bastante animados e
barulhentos, agora pareciam um velório. Quando passávamos por algum policial
tentávamos nos esconder de alguma forma, andávamos naturalmente e até
sorríamos. Não sei se a parte do sorriso ajudou, pois do jeito que as coisas estavam,
sorrir não parecia uma coisa muito normal.
- É inacreditável! Saímos na
semana passada e parece que estamos em outro lugar. Falei.
-Parece uma cena de filme de
terror. Disse Elisabeth.
-Nossas vidas se transformaram
num filme de terror, Elisabeth.
Depois de percorrer boa parte da
cidade chegamos em minha casa. Coloquei minha chave na porta. Senti uma boa
sensação quando cheguei. Pensei em comer os biscoitos da minha mãe, mas quando
pensei nisso voltei pra realidade. Abri a porta. Tudo parecia estar no lugar.
- Pai! Você está ai?
-Sr. Miller! Alguém em casa?
-Pai! Pai? Você está aí?
Olhei em todos os cômodos da
casa, procurei até mesmo em baixo da cama, mesmo sabendo que ele não estaria
lá.
- Zackarie, encontrei algo. Disse
Elisabeth.
- O que é isso? Perguntei.
-Estava colado na geladeira.
Elisabeth me deu um bilhete.
Comecei a ler em voz alta.
Zackarie,
se você está lendo este bilhete é porque não consegui encontrar sua mãe, ou
porque não consegui voltar pra casa. As coisas estão estranhas. Descobri que um
dos homens que veio te procurar não era da polícia. Não sei o que está
acontecendo. Os homens que levaram sua mãe disseram que eram da polícia, mas
tenho absoluta certeza de que não eram. Quando a levaram não me deixaram
acompanhá-la, e nem deram explicações sensatas. Ah, um amigo seu da escola veio
te procurar, ele parecia agoniado, mas como tudo anda estranho... Por favor,
tenha cuidado meu filho, não sei com o que você está envolvido, mas não está
sendo bom para nossa família.
Seu
Pai que te ama muito.
-DESGRAÇADOS!
Elisabeth me abraçou. Comecei a
chorar desesperadamente.
-Porque estão fazendo isso? Por
quê?
-Calma Zackarie. Elisabeth
começou a chorar também.
***
Estávamos sentados na sala. Eu
relia o bilhete incansavelmente.
-O que eles querem? Perguntei-me.
- É o que iremos descobrir.
Respondeu Elisabeth.
- Quem é esse amigo que meu pai
mencionou?
- Pode ser o Plínio!
-Será? Acho que não. Se fosse ele
meu pai teria dito o nome no bilhete.
-Você tem razão.
-Sammy. Só pode ter sido aquele
desgraçado!
-Mas... Você acha?
-Com certeza! É muita
coincidência ele ter aparecido em Casquilha.
-Só tem um jeito de descobrirmos...
-Elisabeth, pegue aquele número e
ligue pra ele agora. Nós vamos encontrá-lo.
***
-Zackarie, você tem que tentar se
controlar pra gente não fazer nenhuma bobagem.
-Eu estou calmo, Elisabeth.
-O endereço é este aqui. Disse o
taxista.
Estávamos em frente a um galpão
abandonado rodeado por um mato alto. Paguei a corrida e fomos descendo do
carro.
- Garotos, vocês tem certeza de
que ficarão aqui? Está tarde, e aqui parece ser perigoso.
- Obrigado tio, mas ficaremos
aqui mesmo, estou indo encontrar o meu pai. Falei.
- Tudo bem. Tomem cuidado.
O taxista manobrou o carro e
saiu. Eu e Elisabeth abrimos um pequeno portão enferrujado e fomos adentrando.
Elisabeth tomou um susto quando viu algo se mexendo no mato, provavelmente
algum lagarto. Chegamos até a porta do galpão, tentei abrir, mas parecia estar
emperrada. Elisabeth deu uma forcinha, e a porta quase quebrou.
-HAN? Elisabeth se espantou.
O lugar estava cheio de tonéis
enferrujados, e lá estavam Sammy, Cristian e Marcus à esquerda, enquanto minha
mãe estava aparentemente desacordada amarrada numa cadeira. Do outro lado
estava meu pai com os braços amarrados para trás, sendo segurado por um velho
conhecido. Ele tinha um queixo largo, cabelo crespo, estatura mediana, era
pardo. Nosso último encontro não foi muito amigável. Destruímos uma lanchonete,
três homens morreram no local, e por causa desse encontro a polícia está atrás
de nós.
Continua...
Ilustração: Patrick A
7 comentários:
Achei esse caoítulo muito bom. Agora eu quero ver no que vai dar esse encontro.
Acho que Sammy e esse outros aí não estão com o Dr.
Aguardo prox.
rapaz...acho que esse cara ai(sugador) convenceu o Sammy de unir-se a ele naquele plano mirabolante de dominar o mundo...porém tenho quase certeza de que eles não estão com o Dr...
...humm...gostinho de "gas"...quero mais...hsuahsuhaush
Eu acho que Sammy e o sugador, como diz Marcelo, pegaram a mãe de Zack para atrair ele de volta para Lumus e convencê-lo a se unir em alguma causa, tipo, contra o doutor... enfim! Capítulo tenso!
Vamos ver...
=x
Xi! Agora o caldo engrossou. Aqueles homens novamente! E agora como eles v/ão sair desta???
até que enfim me atualizei geral na história hihi... to adorando os desenhos hein, e a história ta muita tensa, ta barril para o pobre do Zack,espero que ele e a Beth consigam se livrar dessa, eu acho que eles vão chantagear por dinheiro, talvez? a cidade ta uma bagunça ou talvez Sammy e os outros querem ir até o Dr....não sei, ta barril dobrado hein kkkkkkk
:OOO
Aguardando o proximo
Esse capítulo foi um dos melhores, se não O melhor!
Quando eles chegaram na cidade só imaginei o cenário de The Walking Dead. Devastação total!!
Não pode ser coisa do Lynder sozinho...
Invasão dos ETs!! Fujam pras colinas!!
Amanhã tem mais... Ueba ueba ueba ueba!!
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