Os olhos de Sammy estavam
esbugalhados. Ele acabara de assassinar o meu pai. Stul, Marcus e Cristian iam
à direção de minha mãe, e eu não sabia qual era a intenção deles. Eu tinha
alguns lapsos de memória a todo instante. Lembrei das conversas que meu pai
tinha comigo, dos momentos de sermão em que eu o achava o pior pai do mundo,
das brincadeiras, dos ensinamentos, enfim... Dos momentos de pai e filho que
tive com ele, e que por um motivo banal, momentos como os que eu lembrava não
aconteceriam mais, porque alguns vermes decidiram ceifar a vida do meu velho. As
lembranças apenas me fizeram ficar mais furioso.
-Desgraçado! Sammy, eu nunca irei
te perdoar por isso!
Sammy começou a dar pequenos
passos para trás. Stul e os outros me observavam. Eu estava irreconhecível.
Comecei a andar na direção de Sammy, passei por Elisabeth, foi nesse momento
que Cristian tentou me atacar. Ele usou sua velocidade para se aproximar, mas
sem saber como, consegui prever seus movimentos e congelei o chão. Ao passar
pelo gelo Cristian perdeu o equilíbrio e escorregou, indo parar na entrada do
galpão graças a sua velocidade.
Elisabeth tentou segurar um dos
meus pés.
-Zack...
Fiz um movimento brusco com a
perna e ela me soltou. Eu segui em frente.
-Afaste-se Zackarie! Exclamou
Sammy.
Quando ouvi a voz dele não me
segurei. Senti um frio enorme tomando conta do meu corpo, o frio era
incessante, por dentro e por fora. Por instinto fiz um movimento de soco no ar
e um raio de gelo saiu de minhas mãos. Sammy saltou para o lado, mas sua perna
foi atingida. Ele caiu. Marcus usou seus poderes para tentar me atingir, mas o
raio que ele usou foi bloqueado com uma grossa barreira de gelo que criei
rapidamente. Fiquei em pé bem a frente de Sammy.
-Afaste-se!
Sammy abriu sua mão direita e a
usou como um lança-chamas. O fogo me atingiu em cheio, mas não me causou mal
algum. Uma camada de gelo cobria o meu corpo, e não permitia que o fogo me
queimasse.
-É tudo o que você pode fazer,
seu fraco? Falei aparentando estar calmo.
-Stul! Gritou Sammy.
Marcus atacou à distância mais
uma vez. Dessa vez ele usou mais força, seus raios vieram no formato de um círculo.
Era uma bola de energia. Fiz um movimento com as duas mãos e criei um ar
congelante para bloquear o ataque. Os poderes se chocaram no ar.
Criei uma espécie de cabana de
gelo. Apenas eu e Samy ficamos lá dentro.
-Está na hora de acertar as contas,
maldito!
***
Criei luvas de gelo sobre minhas
mãos e ajoelhei-me sobre Sammy. Comecei a acertar vários socos em sua face, a
cada soco que eu acertava mais lágrimas escorriam pelo meu rosto.
-Seu desgraçado! O que você fez?
Sammy não conseguia esboçar
reação, sua face estava completamente coberta de sangue.
Uma enorme bola de fogo abriu um
buraco na cabana de gelo que criei, o fogo me atingiu, e fui arremessado para
longe.
-Ahhhhh!
Antes que pudesse me mexer, Stul
apareceu ao meu lado e me eletrocutou.
-Aaaahhhhh!
- Você é duro na queda garoto.
-Você ainda não viu nada.
Respondi.
Meu corpo parecia estar
anestesiado. Eu estava caído, então segurei a perna de Stul e a congelei
instantaneamente, eu teria o congelado por inteiro se ele não tivesse usado a
velocidade para escapar. Levantei-me.
-Você morrerá hoje, Stul!
Esbravejei.
-Você está me subestimando
moleque. Ha ha ha ha. –Mas você até que é um sujeito interessante.
-Vocês mataram meu pai. Ele era
um inocente!
-Nós todos somos inocentes
garoto. Não temos culpa de o mundo ser tão injusto. Você por acaso pediu para
ser amaldiçoado com esses poderes?
- Seu imbecil! Isso não quer
dizer que tenhamos que sair por aí matando todo mundo feito animais!
Stul sorriu.
-Será mesmo? Será que não temos
que matar uns aos outros para provar que somos mais fortes? Estamos numa era
onde os mais fracos sucumbirão aos mais fortes. Estamos na fase de adaptação.
Aqueles que conseguirem se adaptar mais rápido, naturalmente serão os mais
fortes.
-Você não sabe do que está
falando.
Avistei Elisabeth se levantando.
Provavelmente seu corpo estava se recuperando dos ferimentos.
-Você tem um grande potencial
garoto, é uma pena que não poderá ver as mudanças do nosso mundo daqui pra
frente. Sua mente fechada é o seu maior castigo.
Stul usou fogo em uma das mãos
para derreter o gelo de sua perna.
-Cala essa boca, chega de
conversa fiada.
***
Stul lançou bolas de fogo
juntamente com bolas elétricas, Marcus o ajudou com o ataque enquanto Cristian
mancando ajudava Sammy a se levantar. Tentei desviar dos ataques, mas foi
inútil. Fiquei encoberto por uma enorme fumaça, meu corpo estava cheio de
ferimentos, apesar do gelo me proteger de boa parte dos danos. Ouvi a voz de
Stul:
-Tire ele daqui. Ele realizou um
bom trabalho.
Provavelmente ele estava se
referindo a Sammy, e lembrei-me que o trabalho realizado por ele foi... O
assassinato do meu pai. Eu já estava irado, mas pensar que eu poderia morrer ali,
ou que os responsáveis pela morte de meu pai pudessem escapar impunes, me
deixou ainda mais irritado.
Meu corpo estava diferente, completamente
dormente. É como se eu não estivesse mais sentindo dor. Eu respirava um ar
estupidamente gelado, uma fumaça branca saía da minha boca. Me levantei e
cerrei os punhos. Parecia que algo iria sair de dentro de mim a qualquer
momento.
- Ele está acabado. Disse Marcus,
provavelmente sem conseguir me ver, graças a fumaça negra que circulava ao meu
redor.
-Não podemos deixar vestígios
dele. Retrucou Stul. –Dê um jeito nessa garota e na mulher, vou conferir de
perto... Mas o que...
O ambiente estava ficando cada
vez mais frio, parecia que o simples fato de eu estar respirando fazia com que
tudo esfriasse ao ponto de congelar tudo. A neblina começou a surgir, e flocos
de neve apareciam próximos ao meu corpo, como se estivessem sendo criados a
partir do ar que me rodeava. As paredes começaram a estalar, e o gelo começava
a surgir em sua superfície de concreto. A fumaça negra que encobria meu corpo
dissipara, e agora era tudo névoa.
-O QUE É ISSO? Espantou-se
Marcus.
-Não se preocupe, já lidei com
isso antes. Esse moleque gosta de efeitos especiais. Disse Stul.
- Não me refiro a essa névoa,
tampouco as paredes e outras coisas congeladas. Refiro-me a ele!
-Han....
-Zack! Gritou Elisabeth.
-Eu nunca havia visto isso antes.
Disse Stul.
Eu caminhei na direção dos meus inimigos, e notei que Stul, pela primeira vez, se afastava ao invés de tentar bloquear o ataque. Levantei minha mão direita e um círculo de ar gelado formou-se ao redor dela. Fiz um movimento para frente, e o ar foi na direção dos inimigos, no meio do caminho o ar transformou-se num enorme cubo de gelo, acertando os dois. Eu não sabia ao certo o que estava fazendo, é como se eu não estivesse no controle da situação. Consegui ver minha mãe, ela estava acordando. Me aproximei para desamarrá-la, mas assim que cheguei perto ela berrou.
-Aaaaaaaaaaaahh!!
Não sei ao certo o que aconteceu,
mas cerrei os punhos instintivamente. Fui interrompido por Elisabeth, que me
acertou um soco me fazendo cambalear...
-Zack! Você está me ouvindo?
Zack! Disse Elisabeth. Soltando as mãos de minha mãe da cadeira.
Pensei que Elisabeth estava
ficando louca, quando olhei para meus braços. Estavam cobertos por uma dura
camada de gelo, mas não eram apenas meus braços, todo o meu corpo estava
encoberto, dos pés a cabeça. O gelo havia me deixado maior, quase duas vezes
maior que meu tamanho real. Eu havia me tornado um monstro, e não tinha
controle sobre o meu corpo. Aos poucos eu estava perdendo completamente minha
consciência.
Continua...
Ilustração: Patrick A
Ilustração: Patrick A
5 comentários:
Uiii!!! Efeitos colaterais...pelo visto, o abuso da técnica gera esse efeito negativo, se bem que nessa situação o este efeito é bem positivo...
Vixe, e agora? Ele vai virar um monstro que nem a professora? OMFG
Mas bem que elisabeth podia deixar Zack matar os caras né... Aff não suporto essa coisa de 'mocinhos não agem assim', 'nós não matamos ninguém'ahhhh mimimi da poha! Mata todo muuundooo!!!
Ansiosa pelo próximo.
Poxa logo agora que etava ficando bom, que Zack iria acabae com todoeles...,no próximo capítulo, quero j´qa ver o resultado.
Surpreendente! Inacreditável!
Aguardando o prox.
Agora a po...ficou séria.
Aguardando o proximo
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