terça-feira, 11 de setembro de 2012

Adaptation: Capítulo 4

Meu coração estava disparado. Acho que se ele continuasse assim por mais tempo iria simplesmente sair pela minha boca, e isso seria o acontecimento mais normal dos últimos tempos. A minha professora monstro estava logo a minha frente, completamente ensanguentada, ela havia largado o resto do braço que estava devorando no chão. Acho que ela podia estar vendo uma refeição mais interessante por perto. Plínio estava ao meu lado, com mais da metade do seu corpo invisível, isso além de me assustar ainda mais me dava um pouco de inveja, porque convenhamos... Sumir naquele momento era a coisa mais legal a se fazer.
-Zack, o que vamos fazer? Plínio perguntou, esperando ouvir alguma coisa positiva.
-Vamos nos afastar. Respondi a coisa mais óbvia, eu acho.
A professora Isabel ia nos encurralando, estávamos ficando sem espaço. Ela lambia seus dedos sujos de sangue, fazia alguns barulhos estranhos, e sempre mostrava os dentes. – Arghrrrrrr
-Zack, é impressão minha ou a temperatura está começando a cair? Plínio falou quando esbarramos na pequena árvore, no fim do beco.
-Estou muito preocupado em não virar comida de professora para te dar informações do clima meu amigo. Respondi. De repente olhei para minhas mãos e percebi que meus dedos estavam formando uma placa de gelo.
-Não temos pra onde ir, Zack. Nós vamos morrer! Socorro! Plínio começou a gritar desesperado.
Assim que ele gritou a professora Isabel avançou na minha direção. A professora foi tão rápida que mal pude acompanhar seu movimento, apenas levantei as mãos num ato de puro reflexo. Ela fazia força para me derrubar, mas eu estava segurando firme. Ficamos nos segurando, nós nos empurrávamos fazendo um cabo de guerra sem o cabo, e na direção oposta. O problema é que ela era um monstro, era forte, e conseguiu me empurrar até o final do beco, num grande muro de concreto.
-Plínio! Eu preciso de ajuda!
De repente pude perceber que o monstro estava se sentindo incomodado com alguma coisa. Plínio estava atacando por trás, ele estava completamente invisível. O monstro abria a boca ao máximo, como se estivesse tentando arrancar algum pedaço meu, e ao que tudo indicava Plínio estava puxando seu cabelo, não permitindo isso, pois o monstro estava gritando, olhando forçadamente para cima.
-Zack! Não conseguirei segurá-la por mais tempo!
A professora soltou-me rapidamente fazendo um movimento forte com o braço direito para traz. Pude ouvir Plínio gritando de dor e caindo por cima da lata de lixo.
-Plínio!
As mãos do monstro começaram a congelar ao ficar em contato com as minhas, eu estava muito irritado por causa do meu amigo. A professora começou a fazer barulhos estranhos e gemia com as duas mãos petrificadas. Nós já não estávamos mais em nosso cabo de guerra, agora eu formava uma grossa camada de gelo nas mãos, como se fossem luvas. O monstro estava na minha frente, e Plínio já estava visível, desmaiado ao lado do lixo. O monstro avançou novamente em minha direção, mas dessa vez eu estava preparado, assim que ele aproximou-se, eu esquivei e golpeei seu abdômen. O monstro sibilou, furioso, ou melhor, furiosa. Ela atacou mais uma vez, tentei realizar o movimento que havia feito anteriormente, mas numa velocidade impressionante ela acertou um soco com as mãos congeladas em meu rosto, eu rodopiei e bati as costas na parede, ficando completamente vulnerável. A professora vinha na minha direção, com as mãos gotejando, o gelo havia se quebrado com o soco que ela me acertou. Eu estava perdido.
***
A minha querida professora sacudiu as mãos e mostrou suas grandes garras, ela andava a passos lentos na minha direção, quando fiquei a sua frente ela abaixou-se zumbindo para mim. Ela abriu sua boca para me devorar, e quando pude sentir o cheiro de sangue que ela exalava, quando eu já estava vencido, algo se enrolou no pescoço dela e a puxou bruscamente para trás. Os galhos da árvore enroscavam-se no pescoço do monstro que se balançava e segurava os galhos tentando se soltar, às vezes a professora soltava-se, mas rapidamente os galhos a agarravam novamente.
Eu estava muito dolorido, e em plena luz do dia estava vendo minha professora monstro lutando contra uma árvore. Minha mãe só podia estar colocando drogas no meu suco. Depois de muito esforço consegui levantar para ir à direção de Plínio, e para minha surpresa uma figura apareceu ao meu lado, com seu estilo descolado, calça jeans meio rasgada, camisa branca com uns nomes escritos, cabelo bagunçado:
-Joshua?
-Vamos sair daqui Zack! Não vou conseguir segurar esse monstro por muito tempo.
- O quê? Você está segurando o monstro?
-Vamos Zack! Depois eu te explico tudo. Vou pegar o Plínio.
Joshua apoiou Plínio nos ombros e o carregou, a professora tentava se desvencilhar da árvore que insistia em abraçá-la. Eu segui atrás de Joshua mancando um pouco. Quando dobramos a esquina Joshua encostou Plínio na calçada. Ele olhou pra mim como se nada tivesse acontecido e falou:
-Espero que o monstro não venha até aqui.
-Ela está há alguns metros daqui sabia? Vamos continuar andando.
-Eu não consigo Zack. Estou exausto.
-Sei. Como você fez aquilo? Foi impressionante!
-Achei que você ficaria mais surpreso. Joshua falou rindo.
-Eu estou surpreso, mas a cada dia passo a gostar menos de surpresas.
Joshua apenas riu e falou:
-Depois da explosão na escola sofri algumas mudanças. Passei a sentir as plantas. Não sei explicar. Quando passo por algum jardim parece que as plantas, as flores querem me seguir. Outro dia estavam surgindo espinhos em meu corpo. Fiquei desesperado. Mas depois não foi nada demais, comecei a treinar minha concentração, e percebi que podia fazer algumas coisas, como mover árvores.
O que mais me espantava era a naturalidade que ele me contava isso.
-Josh, eu também passei por algumas mudanças por causa da explosão. Plínio também.
-Sério? E o que aconteceu com vocês?
-Sim, eu consigo criar gelo, diminuir temperaturas, coisas do tipo. O Plínio consegue ficar invisível.
-Isso é muito estranho. É legal, mas é estranho
-Isso é uma loucura Josh! Eu quase morri agora a pouco e... Plínio! Temos que levá-lo a um médico.
Plínio começou a mover-se devagar e abriu os olhos lentamente:
-Eu estou morto? Onde estou? Onde está meu notebook?
-Calma ai P. Você está vivo, está a alguns metros do monstro que quase te matou. Joshua falou em seu tom natural.
Plínio levantou-se rápido como um raio:
-A professora monstro! O que houve com ela?
-Que história é essa de professora monstro, P? Joshua perguntou.
-A Professora Isabel. O monstro que tentou me devorar. Plínio respondeu
-Não deu tempo de te contar cara. Aquele monstro era a professora Isabel. Falei para Joshua.
-Não acredito! A nossa professora virou um monstro. Ele perguntou espantado.
-É isso aí.
Ficamos sentados durante um bom tempo na calçada da rua. As pessoas passavam por nós normalmente, alguns carros passavam no local. Eu, Plínio e Joshua conversávamos sobre os incidentes dos últimos dias. Plínio tagarelava sem parar:
-Não acredito que você não me contou isso Zack! Quer dizer que meu amigo tem o poder do gelo e não me conta. Absurdo! Mesmo sabendo que eu tenho o poder de ficar invisível, ele não me contou. Quando eu estava invisível, você foi o primeiro a me ver, quer dizer, você foi o primeiro a saber. Que tipo de amigo é esse? Você deveria ter me contado Zack!
-Calma P, ele ainda estava muito constrangido por estar molhando a cama. Joshua falou bancando o engraçadinho.
-Deve ter sido por isso. Respondi ironicamente.
Levantamos-nos para ir embora depois de muita conversa. Ainda estávamos atentos em relação à professora Isabel, que poderia estar por perto. Ficamos parados por alguns instantes, e começamos a andar. Cada pessoa que passava por nós era um pequeno susto, mas aparentemente nada de monstros. Quando estávamos nos despedindo avistei algo que não queria, Elisa abraçava seu namorado Sammy.
-Fecha a boca Zack. Disse Joshua
-Você tirou o dia pra pegar no meu pé, Josh?
Rimos juntos, apesar de o meu riso ser bem mais contido que o dos meus amigos.
-É isso galera. Vamos pra casa, mais tarde nos encontramos na sua casa, Plínio. Avisei
-Isso aí. Ainda temos muita coisa pra conversar. Disse Plínio.
-Por mim tudo bem. Disse Joshua.
***
Naquele mesmo dia Plínio me ligou para me chamar pra dormir em sua casa. Achei que seria legal, Joshua também iria. Falei com minha mãe, e depois de um milhão de avisos e conselhos ela permitiu que eu fosse. Ainda por telefone marcamos de ir ao shopping, Plínio havia ido com os pais, pois eles iriam resolver alguma coisa por lá, então eu e Joshua encontraríamos ele lá. Joshua veio até minha casa, e de lá pegamos um ônibus para ir ao shopping.
Quando chegamos encontramos Plínio e seus pais na praça de alimentação:
-Olá Srª Gina, oi Sr. Peter. Eu e Joshua cumprimentamos os pais de Plínio.
- Olá garotos. Eles responderam em uníssono.
-E aí Plínio.
-E ai, caras.
Os pais de Plínio deixaram sanduíches pagos para nós, eu e Joshua nos sentamos com eles e conversamos sobre a escola. Eles perguntaram muitas coisas sobre nossas aulas, e sobre o desempenho do filho, mais especificamente. Em geral os pais de Plínio eram legais.
-Meninos, a conversa está boa, mas temos que ir embora. Não demorem muito, amanhã vocês terão aula. Disse o Sr. Peter
Quando os pais de Plínio estavam se levantando da mesa para ir embora mais uma surpresa estava por vir.
-Falando em aula, aquela mulher não é professora de vocês? Disse o Sr.Peter
Olhamos rapidamente para trás, juntos, e a nossa professora, ou ex-professora de biologia se aproximava em nossa direção depois da Srª Gina ter acenado para ela. Ela chegou onde estávamos. Serena, com um vestido de estampa florida, um cachecol, cabelo solto, e falou:
-Olá meninos. Como estão?

Continua...

8 comentários:

Saulo disse...

Bitch!!! kkkkkkk
Muito bom cara. Continue assim!

Aguardo as próximas cenas.

Gustavo Moreira disse...

"só passei para fazer um lanchinho" dirá a professora Isabel com um sorriso no rosto?

MUITO BOM Juninho...

aguardo a continuação...

Deborah Miranda disse...

:O e agora? será que ela lembra o que aconteceu? meu Deus, que agoniiia! tu só para nas partes que dá mais curiosidade!

Unknown disse...

Como assim? Tipo, fingindo que nada aconteceu? Ou ela realmente não lembra...
É como se ela estivesse num estado hipnótico? Sonambula? Estranho...

Mas a conversa dos meninos é realmente legal, tipo "e aí o que vc fez hj?", "Ah eu congelei minha professora zumbi, e vc?" "eu dancei com uma arvore."

o_O kkkkkk

Diego Santos disse...

Eu sabia que joshua escondia alguma coisa.rsrssrsrsrsrsrsrsrsrs. O ritmo continua muito bom.
Ainda acho que Plínio é um cagão. kkkkk

Acho que a professora não sabe o que aconteceu. É muita coisa.
Aguardo o próximo capítulo.

Unknown disse...

Ainda bem que já está chegando a vez do professor!, certamente, o final né!

Roquinaldo disse...

Será que é a professora realmente ou apenas mais um dos mutantes? ;)

Anônimo disse...

Muito interessante... E essa professora agora? Sera q sofre de dupla personalidade?

Ansioso...