Meu
coração estava disparado. Acho que se ele continuasse assim por
mais tempo iria simplesmente sair pela minha boca, e isso seria o
acontecimento mais normal dos últimos tempos. A minha professora
monstro estava logo a minha frente, completamente ensanguentada, ela
havia largado o resto do braço que estava devorando no chão. Acho
que ela podia estar vendo uma refeição mais interessante por perto.
Plínio estava ao meu lado, com mais da metade do seu corpo
invisível, isso além de me assustar ainda mais me dava um pouco de
inveja, porque convenhamos... Sumir naquele momento era a coisa mais
legal a se fazer.
-Zack, o
que vamos fazer? Plínio perguntou, esperando ouvir alguma coisa
positiva.
-Vamos
nos afastar. Respondi a coisa mais óbvia, eu acho.
A
professora Isabel ia nos encurralando, estávamos ficando sem espaço.
Ela lambia seus dedos sujos de sangue, fazia alguns barulhos
estranhos, e sempre mostrava os dentes. – Arghrrrrrr
-Zack, é
impressão minha ou a temperatura está começando a cair? Plínio
falou quando esbarramos na pequena árvore, no fim do beco.
-Estou
muito preocupado em não virar comida de professora para te dar
informações do clima meu amigo. Respondi. De repente olhei para
minhas mãos e percebi que meus dedos estavam formando uma placa de
gelo.
-Não
temos pra onde ir, Zack. Nós vamos morrer! Socorro! Plínio começou
a gritar desesperado.
Assim que
ele gritou a professora Isabel avançou na minha direção. A
professora foi tão rápida que mal pude acompanhar seu movimento,
apenas levantei as mãos num ato de puro reflexo. Ela fazia força
para me derrubar, mas eu estava segurando firme. Ficamos nos
segurando, nós nos empurrávamos fazendo um cabo de guerra sem o
cabo, e na direção oposta. O problema é que ela era um monstro,
era forte, e conseguiu me empurrar até o final do beco, num grande
muro de concreto.
-Plínio!
Eu preciso de ajuda!
De
repente pude perceber que o monstro estava se sentindo incomodado com
alguma coisa. Plínio estava atacando por trás, ele estava
completamente invisível. O monstro abria a boca ao máximo, como se
estivesse tentando arrancar algum pedaço meu, e ao que tudo indicava
Plínio estava puxando seu cabelo, não permitindo isso, pois o
monstro estava gritando, olhando forçadamente para cima.
-Zack!
Não conseguirei segurá-la por mais tempo!
A
professora soltou-me rapidamente fazendo um movimento forte com o
braço direito para traz. Pude ouvir Plínio gritando de dor e caindo
por cima da lata de lixo.
-Plínio!
As mãos
do monstro começaram a congelar ao ficar em contato com as minhas,
eu estava muito irritado por causa do meu amigo. A professora começou
a fazer barulhos estranhos e gemia com as duas mãos petrificadas.
Nós já não estávamos mais em nosso cabo de guerra, agora eu
formava uma grossa camada de gelo nas mãos, como se fossem luvas. O
monstro estava na minha frente, e Plínio já estava visível,
desmaiado ao lado do lixo. O monstro avançou novamente em minha
direção, mas dessa vez eu estava preparado, assim que ele
aproximou-se, eu esquivei e golpeei seu abdômen. O monstro sibilou,
furioso, ou melhor, furiosa. Ela atacou mais uma vez, tentei
realizar o movimento que havia feito anteriormente, mas numa
velocidade impressionante ela acertou um soco com as mãos congeladas
em meu rosto, eu rodopiei e bati as costas na parede, ficando
completamente vulnerável. A professora vinha na minha direção, com
as mãos gotejando, o gelo havia se quebrado com o soco que ela me
acertou. Eu estava perdido.
***
A minha
querida professora sacudiu as mãos e mostrou suas grandes garras,
ela andava a passos lentos na minha direção, quando fiquei a sua
frente ela abaixou-se zumbindo para mim. Ela abriu sua boca para me
devorar, e quando pude sentir o cheiro de sangue que ela exalava,
quando eu já estava vencido, algo se enrolou no pescoço dela e a
puxou bruscamente para trás. Os galhos da árvore enroscavam-se no
pescoço do monstro que se balançava e segurava os galhos tentando
se soltar, às vezes a professora soltava-se, mas rapidamente os
galhos a agarravam novamente.
Eu estava
muito dolorido, e em plena luz do dia estava vendo minha professora
monstro lutando contra uma árvore. Minha mãe só podia estar
colocando drogas no meu suco. Depois de muito esforço consegui
levantar para ir à direção de Plínio, e para minha surpresa uma
figura apareceu ao meu lado, com seu estilo descolado, calça jeans
meio rasgada, camisa branca com uns nomes escritos, cabelo bagunçado:
-Joshua?
-Vamos
sair daqui Zack! Não vou conseguir segurar esse monstro por muito
tempo.
- O quê?
Você está segurando o monstro?
-Vamos
Zack! Depois eu te explico tudo. Vou pegar o Plínio.
Joshua
apoiou Plínio nos ombros e o carregou, a professora tentava se
desvencilhar da árvore que insistia em abraçá-la. Eu segui atrás
de Joshua mancando um pouco. Quando dobramos a esquina Joshua
encostou Plínio na calçada. Ele olhou pra mim como se nada tivesse
acontecido e falou:
-Espero
que o monstro não venha até aqui.
-Ela está
há alguns metros daqui sabia? Vamos continuar andando.
-Eu não
consigo Zack. Estou exausto.
-Sei.
Como você fez aquilo? Foi impressionante!
-Achei
que você ficaria mais surpreso. Joshua falou rindo.
-Eu estou
surpreso, mas a cada dia passo a gostar menos de surpresas.
Joshua
apenas riu e falou:
-Depois
da explosão na escola sofri algumas mudanças. Passei a sentir as
plantas. Não sei explicar. Quando passo por algum jardim parece que
as plantas, as flores querem me seguir. Outro dia estavam surgindo
espinhos em meu corpo. Fiquei desesperado. Mas depois não foi nada
demais, comecei a treinar minha concentração, e percebi que podia
fazer algumas coisas, como mover árvores.
O que
mais me espantava era a naturalidade que ele me contava isso.
-Josh, eu
também passei por algumas mudanças por causa da explosão. Plínio
também.
-Sério?
E o que aconteceu com vocês?
-Sim, eu
consigo criar gelo, diminuir temperaturas, coisas do tipo. O Plínio
consegue ficar invisível.
-Isso é
muito estranho. É legal, mas é estranho
-Isso é
uma loucura Josh! Eu quase morri agora a pouco e... Plínio! Temos
que levá-lo a um médico.
Plínio
começou a mover-se devagar e abriu os olhos lentamente:
-Eu estou
morto? Onde estou? Onde está meu notebook?
-Calma ai
P. Você está vivo, está a alguns metros do monstro que quase te
matou. Joshua falou em seu tom natural.
Plínio
levantou-se rápido como um raio:
-A
professora monstro! O que houve com ela?
-Que
história é essa de professora monstro, P? Joshua perguntou.
-A
Professora Isabel. O monstro que tentou me devorar. Plínio respondeu
-Não deu
tempo de te contar cara. Aquele monstro era a professora Isabel.
Falei para Joshua.
-Não
acredito! A nossa professora virou um monstro. Ele perguntou
espantado.
-É isso
aí.
Ficamos
sentados durante um bom tempo na calçada da rua. As pessoas passavam
por nós normalmente, alguns carros passavam no local. Eu, Plínio e
Joshua conversávamos sobre os incidentes dos últimos dias. Plínio
tagarelava sem parar:
-Não
acredito que você não me contou isso Zack! Quer dizer que meu amigo
tem o poder do gelo e não me conta. Absurdo! Mesmo sabendo que eu
tenho o poder de ficar invisível, ele não me contou. Quando eu
estava invisível, você foi o primeiro a me ver, quer dizer, você
foi o primeiro a saber. Que tipo de amigo é esse? Você deveria ter
me contado Zack!
-Calma P,
ele ainda estava muito constrangido por estar molhando a cama. Joshua
falou bancando o engraçadinho.
-Deve ter
sido por isso. Respondi ironicamente.
Levantamos-nos
para ir embora depois de muita conversa. Ainda estávamos atentos em
relação à professora Isabel, que poderia estar por perto. Ficamos
parados por alguns instantes, e começamos a andar. Cada pessoa que
passava por nós era um pequeno susto, mas aparentemente nada de
monstros. Quando estávamos nos despedindo avistei algo que não
queria, Elisa abraçava seu namorado Sammy.
-Fecha a
boca Zack. Disse Joshua
-Você
tirou o dia pra pegar no meu pé, Josh?
Rimos
juntos, apesar de o meu riso ser bem mais contido que o dos meus
amigos.
-É isso
galera. Vamos pra casa, mais tarde nos encontramos na sua casa,
Plínio. Avisei
-Isso aí.
Ainda temos muita coisa pra conversar. Disse Plínio.
-Por mim
tudo bem. Disse Joshua.
***
Naquele
mesmo dia Plínio me ligou para me chamar pra dormir em sua casa.
Achei que seria legal, Joshua também iria. Falei com minha mãe, e
depois de um milhão de avisos e conselhos ela permitiu que eu fosse.
Ainda por telefone marcamos de ir ao shopping, Plínio havia ido com
os pais, pois eles iriam resolver alguma coisa por lá, então eu e
Joshua encontraríamos ele lá. Joshua veio até minha casa, e de lá
pegamos um ônibus para ir ao shopping.
Quando
chegamos encontramos Plínio e seus pais na praça de alimentação:
-Olá Srª
Gina, oi Sr. Peter. Eu e Joshua cumprimentamos os pais de Plínio.
- Olá
garotos. Eles responderam em uníssono.
-E aí
Plínio.
-E ai,
caras.
Os pais
de Plínio deixaram sanduíches pagos para nós, eu e Joshua nos
sentamos com eles e conversamos sobre a escola. Eles perguntaram
muitas coisas sobre nossas aulas, e sobre o desempenho do filho, mais
especificamente. Em geral os pais de Plínio eram legais.
-Meninos,
a conversa está boa, mas temos que ir embora. Não demorem muito,
amanhã vocês terão aula. Disse o Sr. Peter
Quando os
pais de Plínio estavam se levantando da mesa para ir embora mais uma
surpresa estava por vir.
-Falando
em aula, aquela mulher não é professora de vocês? Disse o Sr.Peter
Olhamos
rapidamente para trás, juntos, e a nossa professora, ou
ex-professora de biologia se aproximava em nossa direção depois da
Srª Gina ter acenado para ela. Ela chegou onde estávamos. Serena,
com um vestido de estampa florida, um cachecol, cabelo solto, e
falou:
-Olá
meninos. Como estão?
Continua...
8 comentários:
Bitch!!! kkkkkkk
Muito bom cara. Continue assim!
Aguardo as próximas cenas.
"só passei para fazer um lanchinho" dirá a professora Isabel com um sorriso no rosto?
MUITO BOM Juninho...
aguardo a continuação...
:O e agora? será que ela lembra o que aconteceu? meu Deus, que agoniiia! tu só para nas partes que dá mais curiosidade!
Como assim? Tipo, fingindo que nada aconteceu? Ou ela realmente não lembra...
É como se ela estivesse num estado hipnótico? Sonambula? Estranho...
Mas a conversa dos meninos é realmente legal, tipo "e aí o que vc fez hj?", "Ah eu congelei minha professora zumbi, e vc?" "eu dancei com uma arvore."
o_O kkkkkk
Eu sabia que joshua escondia alguma coisa.rsrssrsrsrsrsrsrsrsrs. O ritmo continua muito bom.
Ainda acho que Plínio é um cagão. kkkkk
Acho que a professora não sabe o que aconteceu. É muita coisa.
Aguardo o próximo capítulo.
Ainda bem que já está chegando a vez do professor!, certamente, o final né!
Será que é a professora realmente ou apenas mais um dos mutantes? ;)
Muito interessante... E essa professora agora? Sera q sofre de dupla personalidade?
Ansioso...
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