Nós
simplesmente ficamos travados quando vimos a professora Isabel. Ela
estava em seu estado normal, nenhuma pessoa no mundo diria que ela
era um monstro devorador de humanos.
-Ei
rapazes, a Sra. Isabel está cumprimentando vocês. Falou a Sra.
Gina.
-Olá,
professora! Respondemos boquiabertos.
- Como
vocês estão? Passeando um pouco, não é mesmo? Esses meninos
possuem um potencial incrível, senhores.
- Ah,
isso é mesmo uma coisa boa de ouvir Sra. Isabel. Respondeu o
Sr.Peter.
-É a
mais pura verdade. A professora Isabel falou sorrindo.
Plínio
olhava pra mim tão nervoso que eu estava com medo de que ele
desaparecesse ali na frente de todo mundo.
- Foi
muito bom ver vocês pessoal, agora tenho que ir. Espero
reencontrá-los qualquer dia quando eu estiver com mais tempo, quem
sabe não comemos alguma coisa juntos. A professora Isabel falou
sorrindo, e foi se despedindo.
-Também
estamos de saída Sra. Isabel. Se precisar de uma carona...
-Não
se incomode Sr. Peter, estou de carro. Obrigada.
A
Professora Isabel saiu andando a passos largos, quando ela mexeu em
seu cachecol pude ver uma marca vermelha em seu pescoço. Olhei para
Joshua e ele deu de ombros.
***
Os
pais de Plínio foram embora e ficamos na praça de alimentação
abismados com a situação que acabamos de presenciar.
- Ela
só pode estar brincando. Comer juntos? Mas nem... Vocês acham que
ela se esqueceu de tudo? Perguntei.
- O
que eu posso dizer é que eu não esqueci nada, não quero mais ter
contato com aquela canibal. A qualquer momento ela pode sair por aí
devorando as pessoas, e eu não quero estar perto dela nesse momento.
Disse Plínio.
-Não
acho que ela tenha se esquecido de nada. Ela tinha marcas no pescoço,
com certeza deve saber como aquelas marcas foram feitas. Disse
Joshua.
-Mas
se ela se lembrasse de algo acredito que pelo menos sinalizaria
alguma coisa para nós. Falei.
-Faz
muito sentido ela sinalizar algo para suas refeições. Joshua
respondeu ironicamente.
-Não
sei cara, ela não é uma pessoa ruim. Se ela lembrasse teria ficado
assustada com nossa presença. Ela estaria desesperada. Retruquei.
- Ela
é uma CANIBAL! Por isso ela não está desesperada. Plínio falou
alto e algumas pessoas olharam para nós.
- Eu
acho que ela estava desesperada. Ela saiu daqui às pressas, pode
estar procurando algum jeito de se livrar daquilo. Joshua falou
concentrado.
-Não
sei.
Já
estava escurecendo quando resolvemos ir embora. Fomos para o ponto e
pegamos um ônibus. O percurso não era longo, aproximadamente 15
minutos e chegamos. Descemos na esquina da casa de Plínio, que
ficava próxima a uma pracinha, e tinha por nome Praça da Juventude.
A praça era toda arborizada, com muitos bancos, e no centro haviam
duas estátuas de crianças sorrindo. Passamos pela Praça da
juventude e logo chegamos à casa de Plínio.
-Entrem.
Disse Plínio.
A casa
de Plínio era muito grande, o Sr. Peter era um médico bem sucedido,
e a Sra. Gina apesar de não trabalhar muito era uma empresária de
sucesso. Eles tinham uma ótima posição social. Fomos direto para o
quarto de Plínio.
-Mãe,
chegamos! Plínio avisou gritando.
O
quarto de Plínio era sagrado para ele. Do lado direito ele tinha um
computador, e numa mesa ao lado estava seu notebook fazendo algum
download, e Indiana Jones, seu porquinho da índia numa gaiola. As
paredes eram cheias de colagens de desenhos japoneses. Do outro lado
ficava uma televisão.
-Bem
vindos ao meu habitat natural, senhores! Disse Plínio.
-Oi
Jones! Cumprimentei o roedor.
Joshua
se jogou na cama e falou:
-E
então pessoal, quando vocês vão me mostrar o que sabem fazer?
-A
gente não sabe fazer. Respondi
-Pessoal,
que tal a gente falar sobre coisas normais. Vamos ver mulher pelada
na internet. Plínio falou querendo ir à direção do computador.
-Vamos
lá caras, olha só. Joshua falou e pegou uma semente de girassol da
vasilha de Indiana Jones.
Joshua
colocou a semente na palma de sua mão, e de repente a semente
começou a germinar. No final, era um girassol muito bonito.
-Fantástico!
Falei estupefato.
-Isso
é impressionante Josh! Como você faz isso? Plínio rapidamente
prendeu sua atenção no girassol.
-Eu
apenas me concentro. Eu sinto que posso fazer isso, e quero fazer.
Quando percebo... Pode ser que funcione com vocês.
-Vou
tentar. Falei entusiasmado.
Fechei
os olhos e me concentrei. Não ouvia absolutamente nada. Abri minhas
mãos e concentrei-me para criar gelo nelas. Senti um pequeno frio na
barriga. Comecei a reclamar ainda com os olhos fechados:
-Isso
não vai funcionar!
Quando
abri os olhos meu corpo estava coberto por uma pequena camada de
gelo. Plínio e Joshua estavam tremendo de frio. Minhas mãos estavam
cobertas de gelo.
-Nossa!
Falei orgulhoso.
-Viu?
Não foi tão difícil.
- Você
quase rachou a tela do meu monitor! Eu vou te matar! Plínio falou em
pânico.
-Vamos
lá P, é a sua vez. Joshua falou
-Ok.
Ele respondeu.
Plínio
fechou os olhos e ficou estático por uns dez minutos, nada
aconteceu.
-Por
que eu não consigo? Plínio perguntou frustrado.
-Calma.
Plínio, você tem que tentar se concentrar mais. Falei tentando
ajudar.
- Ei
P, acho que o Zack acabou rachando mesmo sua tela. Joshua falou
pegando no monitor.
-Como
é que é? A respiração de Plínio ficou mais pesada e seus pés
foram sumindo.
-
Espere Plínio, continue assim. Você está conseguindo. Falei.
Plínio
parou e continuou acelerando sua respiração, aos poucos seu corpo
foi desaparecendo, até que ele ficou completamente invisível.
-Isso
aí P!
***
Já
passavam das 20:00h, nós três tínhamos jantado e estávamos no
quarto de Plínio. Da janela dava pra ver a praça, que não tinha
muito movimento nesta noite.
-Olha,
Sammy e Elisa estão na pracinha. Disse Plínio.
-E
daí? Respondi acidamente.
-É
normal que ela esteja lá com o seu namorado. Ela mora aqui perto,
não é isso Plínio? Joshua perguntou lendo alguma coisa na
internet.
-É,
ela mora nesse mesmo quarteirão. Plínio respondeu.
-
Porque você não diz pra ela o que sente? Joshua perguntou ainda
lendo.
-Ah
Josh, vê se não enche. Levantei da cama e fui olhar pela janela.
Eles
pareciam estar discutindo, Sammy saiu e deixou Elisa sozinha.
- Eles
brigaram. Falei.
-
Olha, que boa oportunidade pra você entrar em cena. Joshua falou com
um sorriso cínico.
-Vamos
à praça, a noite está agradável. Disse Plínio.
- É,
vamos! Falei prontamente.
Plínio
e Joshua riram.
-A
noite está agradável, vocês não estão pensando que eu quero ir
por causa... aaaah.
Chegamos
à praça e Elisa estava lá. De saia, cabelo amarrado, com um casaco
preto, sentada num banco da praça, sozinha. Joshua e Plínio
sentaram-se num banco um pouco mais distante, acenaram para Elisa, e
praticamente me obrigaram a ir falar com ela.
-Olá.
Iniciei a conversa
- Oi
Zackarie! O que está fazendo por aqui?
-Vim
passar a noite na casa do P.
-Hum,
legal.
Acho
que fiquei uns dois minutos em pé e em silencio.
-Sente-se,
ou você já está de saída?
-Ah,
claro... Quer dizer, não estou saída. Vou sentar. Sorri
desajeitado. Eu me odiava por ficar nervoso perto dela.
Ela
sorriu.
-Onde
está o Sammy? Perguntei.
- Não
quero falar sobre ele.
-Ah,
me desculpe. Ok.
- Você
já gostou de alguém Zackarie?
Essa
pergunta foi como um tiro na minha cabeça.
-Eu?
-Sim,
você.
-Eu...
Sim, na verdade... É complicado.
-Não
me diga que você nunca falou pra pessoa? Ela perguntou, demonstrando
certa preocupação.
-Não,
não é isso, é só que... Eu gosto de uma pessoa sim. Gosto muito.
Porque você está me perguntando isso? Perguntei tentando me livrar
de mais perguntas.
-Você
acha que uma pessoa que gosta faz coisas ruins para outra? Uma pessoa
que gosta não deve fazer o bem, proteger, respeitar, cuidar? Ela
falou parecendo que iria chorar.
-Uma
pessoa que gosta, que ama a outra, respeita, protege, cuida, faz tudo
o que é de melhor para agradar. Uma pessoa que gosta... Doa sua
própria vida para o bem da outra.
Uma
Rosa caiu em minhas mãos, olhei para Joshua rapidamente. Ele nem
olhou pro lado.
-Que
lindo, Zack! Eu...
O
celular de Elisa tocou, ela levantou-se rapidamente.
-Tenho
que ir Zack. Obrigada pela conversa. Ela falou despedindo-se.
Levantei-me
e dei-lhe a rosa.
-Pra
você.
Ela
corou e agradeceu dando-me um beijo no rosto. Seus lábios macios
grudaram um pouco na minha bochecha. Gelo seco.
-Tchau.
***
-Que
maravilha! Plínio falou empolgado.
-Vocês
vão me pagar por essa. Retruquei
-Você
é que nos deve, principalmente pra mim. Disse Joshua.
Fomos
pra casa de Plínio, subimos para o quarto e ligamos a televisão.
Estava passando uma notícia de última hora. As imagens mostravam
pessoas em pânico, um poste caído no meio de uma pista, casas
incendiadas. A repórter estava explicando os fatos, e tinha uma
vítima para entrevistar.
Não
se sabe ao certo o número de mortos e feridos, mas os números já
ultrapassam a marca de 30 pessoas mortas, e 12 feridos na cidade de
Lumus. Desde o início da semana coisas estranhas acontecem. As
pessoas dizem que alienígenas estão atacando a cidade:
-Senhor,
o que aconteceu aqui?
-
Eu fui atacado! Era feio, tinha uns dentes grandes, pareciam ratos
gigantes. Eles cuspiam fogo, na hora que ele veio em cima de mim...
Não vi mais nada, fechei os olhos. Quando abri ele já estava do
outro lado. Ai eu saí correndo.
-Era
um rato gigante?
-Era
grande. É o apocalipse. A carruagem de fogo. É o arrebatamento!
Nesse
momento a entrevista foi retirada do ar.
-Estamos
todos em perigo com essas coisas. Falei.
-Não
temos o que fazer. Só nos resta esperar que isso passe. Disse
Plínio.
-Como
isso pode estar acontecendo? Temos que achar alguém que possa nos
ajudar. Disse Joshua.
- É
isso! Só tem uma pessoa que pode nos ajudar. O Dr. Lynder.
-Será
que ele sabe que essas coisas estão acontecendo? Joshua perguntou.
- Não
sabemos onde ele está. Não sabemos nem onde ele foi parar depois da
explosão. Disse Plínio.
-
Vamos procurá-lo. Afirmei.
De
repente ouvimos um barulho de vidro quebrando. Plínio desceu as
escadas na frente. Chegamos na sala e Plínio encontrou um bilhete:
Plínio,
querido. Tivemos que sair, seu pai recebeu uma ligação e vai ter
que dar plantão hoje à noite. Fui levá-lo ao hospital. Se precisar
de alguma coisa é só ligar.
Beijos
da mamãe.
Olhei
para o lado e a janela da sala estava quebrada.
-Plínio.
Olha.
Plínio
foi em direção a cozinha, havia mais barulho por lá. Joshua estava
olhando a janela quebrada, eu também fui dar uma olhada.
-Zack!
Tem alguma coisa aqui. Plínio gritou da cozinha.
Eu e
Joshua corremos pra lá, havia um cheiro forte vindo da cozinha.
Quando chegamos lá, tudo estava revirado.
- O
que está acontecendo aqui Plínio?
- Não
tenho a mínima idéia.
Assim
que Plínio terminou de responder um rugido enorme assustou a todos
nós. Corremos para sala e um homem de uns 3 metros de altura estava
lá segurando o sofá por cima da cabeça. Assim que nos viu ele
atirou o sofá em nossa direção, rugindo como um leão. Joshua
transformou uma semente num cipó com espinhos. Gostaria de ter a
mesma determinação que ele teve ao se deparar com o monstro. Nos
jogamos para o lado e o sofá atingiu uma estante com taças.
-
Minha casa! Eu estou ferrado! Plínio gritou desesperado.
-Plínio,
fique invisível. Disse Joshua.
Plínio
começou a respirar mais rápido, o que naquele momento não era tão
difícil, e começou a desaparecer. Joshua tentou atingir o monstro
num movimento rápido com o cipó. O cipó com espinhos enrolou-se no
braço do homem, mas ele simplesmente puxou Joshua, o arremessando
contra a parede. Concentrei-me e consegui fazer minhas luvas de
gelo, a temperatura caiu muito, mas assim que tentei me aproximar o
grandalhão me acertou com um tapa. Fiquei estatelado no chão.
-Aaaaaaah!
Ouvi
Plínio gritando, e de repente o homem parou. De joelhos ele colocou
as mãos na barriga, e uma faca enorme estava atravessada em seu
abdômen. O homem caiu estirado com a faca cravada em seu corpo, e
foi diminuindo de tamanho. Ele ficou com 1,80m aproximadamente.
Plínio ficou visível e caiu de joelhos junto ao corpo que ele havia
tirado a vida.
- Eu
matei um cara. Tem um cara morto na minha casa! Disse Plínio
abatido.
Joshua
se levantou com muito esforço.
-Vamos
P, temos que dar um jeito nisso.
Continua...
8 comentários:
Quer dizer... primeiro o nerd só quer saber de ver putaria na internet...
E no fim mata um cara...
Qual o seu problema com os nerds? kkkkkkkkkkk
A história continua muito boa, Juninho...
Aguardando as cenas do próximo capítulo...
OH MY FUCKING GOD!
Supondo que (peloamordedeus) não era o pai dele, acho que eles estão bem encrencados. E agora? Vão fugir pras colinas? É um apocalypse zumbi?
Vão encontrar um grupo de resistentes (aqueles cujos poderes não alteraram o estado de consciência)? Vão achar o doutor Lyndo?
Não sei pq mas acho que esse cara sabia o que estava fazendo...
Será que essa experiência já tinha sido feita antes? A CIA/NASA/FBI/MIB têm o controle de tudo?
Será que estão recrutando os 'mutantes' para operações especiais?
Ou caçando eles? Ou recrutando os conscientes pra caçar os que viraram monstros?
Holly Shit! Avia com essa história menino!!
Esta realmente cada vez mais intrigante, curioso para p próximo capitulo, a parte do arrebatamento sem duvida foi a melhor kkkkkk
Plínio é um assassino? O que foi isso? A princípio eu pensei que ele tivesse sido atingido.
Continua muito bom!
:O, como assim?? Matou quem? E o pior, eles podem ser incriminados, já que o cara diminuiu de tamanho e suponho que tenha ficado normal quando morreu!!!! :O
Próximo capítulo por favooor!
Muito legal. E curiosidade toma conta de mim.
Rpz, ta de fuder ae a estória viu.
Mais capítulos já.
Chega da aquele frio na barriga tipo: "episódio chocante de Dexter"....adoorei rs
continua muito bom...e aquele clima de suspense é ótimo...aguardando proxs capítulos...
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